O selecionador nacional Pedro Gonçalves deu uma longa entrevista ao portal zerozeroonde reflete sobre o percurso ao serviço de Angola e fala de um presente auspicioso, mas também daquilo que o futuro desenha.
História feita
Os Palancas Negras têm, sob comando do treinador português, quebrado recordes atrás de recordes. O desenvolvimento tem sido notório e as perspectivas são positivas. Em 2024, por exemplo, ninguém venceu tanto. Pedro Gonçalves realça que essas vitórias elencam, também, um entusiasmo crescente à volta da equipa.
“Já estamos quase a chegar ao final do ano, o que já tem algum relevo. Isto pode parecer simplório, mas para Angola, comparativamente com países de maior dimensão, tem um impacto especial. Neste momento, é uma febre em Angola. Anda toda a gente louca com a seleção“, confessou ao portal.
Marcante, para o treinador, foi o percurso na CAN, onde Angola chegou aos quartos-de-final e igualou o melhor registo de sempre na prova.
“A verdade é que nas outras ocasiões em que Angola chegou aos quartos-de-final, como a competição só tinha 16 seleções, acabou por passar diretamente para essa fase. Nós ainda tivemos os oitavos-de-final pela frente. Logo, acredito que nós fomos protagonistas da melhor prestação dos Palancas Negras na sua história“, destacou.
O desejo, esse, passa por continuar a apostar no crescimento do futebol a nível interno, contexto que potenciará também uma seleção mais forte e capaz de competir de igual para igual nos palcos internacionais. “Não nos interessa acomodar. Temos de nos reinventar sempre e encontrar, constantemente, novas soluções, dentro das nossas possibilidades”, garantiu.
David Carmo e Florentino Luís
O seleccionador falou também de dois jogadores que, com possibilidade de jogar por Portugal, têm ligações a Angola: David Carmo, que já é internacional angolano, e Florentino Luís, que se tem mostrado reticente em aceitar o convite.
“Fiz a abordagem [a David Carmo], mas este foi um processo que também exigiu maturidade por parte do atleta. Pensar bem até se decidir. Este processo demorou praticamente dois anos. Quero destacar que a forma como o David me transmitiu que queria muito jogar por Angola foi de tal forma peremptória que eu, na convocatória que se seguiu, voltei a confrontá-lo.
Registei com muito agrado a honradez e a sua postura. Ele disse-me ‘estou absolutamente convicto de que é Angola que eu quero representar. É um grande orgulho para mim e para a minha família‘, revelou, destacando o contributo dado pelo central à equipa: “Tem sido um esteio da nossa equipa, não só na ação defensiva, mas também na construção e na nossa organização de jogo”.
Sobre o médio do Benfica, que tem ainda esperanças de ser convocado por Roberto Martínez, Pedro Gonçalves mostra-se compreensivo: “O Florentino sempre foi muito franco, muito honesto. Nunca descartou essa possibilidade, mas sempre deixou no ar que precisava de mais tempo para decidir. Não queremos pressionar o jogador e, por isso, resta-nos esperar pela decisão”, afiançou.