“Resiliência e foco”

O selecionador Pedro Gonçalves, comandante da seleção de Angola, teve um ano de 2024 em que conseguiu bater alguns recordes. Assim, as expetativas para o futuro são muito positivas.

Em entrevista ao jornal português A Bola, o treinador abordou diversos temas e assuntos, sendo que alguns estão, inclusive “na ordem do dia”. Por exemplo, sobre aquilo que representa mais um feito dos palancas negras ao apurarem-se para mais um Campeonato Africano das Nações (CAN).

“Representa o consolidar de um crescimento desportivo. Arrancámos a fase de qualificação com quatro vitórias, garantimos logo o apuramento e foi extremamente motivador. O que me orgulha mais neste apuramento é o nosso trajeto. A nossa capacidade de resiliência e foco“, começou assim por referir.

Pedro Gonçalves e a principal riqueza de Angola

“Estamos em finais de 2019 e, após o mundial de sub-17, começo a ter tempo para idealizar um projeto que poderíamos concretizar: entre seis a oito anos tínhamos de estar no top’10 das seleções do futebol africano. Na altura, entre 54 seleções, Angola estava na posição 34, mas eu acreditava. Não só através do potencial de jovens jogadores que conhecia bem dos escalões de formação, como da principal riqueza que o país tem, que são as pessoas“, afirmou.

“Por isso, estar nas grandes competições é decisivo para alavancar o desenvolvimento e mobilização de todas as energias do país em prol da seleção. Fomos desenvolvendo um espírito de seleção e alargamos o leque de jogadores com potencial. Enfrentámos igualmente alguma carência de recursos, até uma pandemia, e os resultados não apareceram logo. Contudo, as críticas deram estofo e sempreacreditámos no potencial”, referiu o treinador de 48 anos.

André Villas-Boas visitou recentemente Angola. Foto: Imago.

“Acordam rápido ou perdem Angola”

Em 2026, cumpre-se igualmente o 20.º ano do momento mais alto da seleção angolana: a presença inédita num Mundial. Segundo Gonçalves, “o grande objetivo é levar Angola ao Mundial de 2026. É um objetivo realista. O favorito no nosso grupo é a seleção dos Camarões, mas é um dos mais equilibrados grupos africanos de qualificação. Acreditamos que temos potencial e consistência para continuar a crescer. Faltam seis jogos muito exigentes”, destacou.

Por fim, o luso reconheceu que os clubes portugueses têm andado “distraídos” com o talento angolano: “Os grandes clubes portugueses têm de acordar rápido. Acordam rápido ou perdem Angola. Continuam a ter um grande impacto, mas os mais jovens já começam a ligar-se mais a clubes de Inglaterra ou Espanha“, advertiu o selecionador.

“Não tenho dúvidas, olhem para Angola que terão um retorno elevado“. Curiosamente, esse foi um tema de conversa recente com o presidente do FC Porto, o português André Villas-Boas. “Foi o que transmiti há dias a André Villas-Boas e restante direção, na visita recente que fizeram a Angola. Há um mundo para se explorar e o retorno, desportivo e social, é elevadíssimo“, concluiu.