Petro de Luanda sagra-se tetracampeão de Angola

O Petro de Luanda sagrou-se tetracampeão de Angola na época 2025/26. Os tricolores venceram então mais uma edição bastante competitiva do Girabola. Entre os principais protagonistas do sucesso recente do clube está o defesa português Pedro Pinto, mas o jogador vai deixar a equipa este verão.

Em entrevista ao jornal português O Jogo, o central confirmou a intenção de jogar numa liga mais competitiva, de preferência na Europa. Ainda assim, fez um balanço muito positivo da sua experiência no futebol angolano: “Só tenho de me sentir orgulhoso pelo meu trajeto num gigante que vivia adormecido. Conseguimos voltar a colocar o Petro onde merece, como melhor equipa de Angola e entre as melhores de África. Basta ver a nossa presença numa meia-final e outra nos ‘quartos’ em quatro anos”, começou por dizer.

“Somos, verdadeiramente, a melhor equipa de Angola”

Durante a entrevista, Pedro Pinto recordou o processo de reconstrução vivido pelo Petro de Luanda. Destacou assim as dificuldades ultrapassadas: “Não foram campeões durante onze ou doze anos, passaram dificuldades, esforçavam-se para voltar ao topo e não conseguiam. O que foi feito em quatro anos… não há comparação possível. Somos, verdadeiramente, a melhor equipa de Angola. Conseguimos levar o Petro à melhor pontuação de sempre no continente africano.”

Além disso, sublinhou a importância da presença do clube noutra competição de prestígio continental: “A prova veio com a African Football League, que só cabe às oito melhores de África. E Angola esteve lá com o Petro e contra rivais de países com investimento tremendamente maior.”

Petro de Luanda sagra-se tetracampeão do Girabola. Foto: Petro de Luanda

Apesar dos êxitos alcançados, o central lamentou a falta de atenção mediática ao futebol angolano: “Os campeonatos africanos não têm, efetivamente, grande visibilidade e o Girabola é um caso flagrante. Mas quem tem a oportunidade de o jogar, sabe como é difícil apanhar uma realidade muito mais física. Não esperava encontrar tanta qualidade. Da minha parte, fazer 150 jogos com as condições fracas de muitos campos, três jogos por semana muitas vezes, inúmeras viagens, acho que merecia muito mais valor.”

“Os angolanos são felizes sem terem nada”

Para além do futebol, a experiência de vida em Luanda marcou profundamente Pedro Pinto. Ele refletiu então: “Foi um difícil choque de realidades, vivi coisas que nunca tinha pensado viver e passando por elas é que te apercebes como é difícil lidar com isso. Mas os angolanos são felizes sem terem nada. Com muito pouco conseguem transmitir felicidade e olhar para a frente. Mostram o seu sorriso contagiante e fazem uma dança alegre quando tudo à volta são adversidades.”

Ainda assim, o balanço da estadia em Angola é bastante positivo: “O melhor de tudo é estar sempre calor, andar de calção e chinelo o ano todo! Complicada é mesmo a desorganização. O trânsito é caótico e não há regras. Situações caricatas são aos montes, não estamos habituados. Mas fico com um país de condições incríveis para quem gosta de praia, bom tempo, boa comida.”

Por fim, Pedro Pinto analisou a evolução do futebol angolano. Ele realçou assim o impacto positivo do desempenho da Seleção de Angola: “Bons jogadores sempre existiram mas o povo cobrava imenso e continua a fazê-lo. Alguns jogadores que jogavam fora, deixaram de representar o país mas, agora, Angola reaparece com força no raio africano, o que valoriza também o Girabola.”