Talentos angolanos no futebol português
O futebol angolano atravessa atualmente uma das suas melhores fases. A Seleção Nacional está cada vez mais competitiva, e várias equipas têm conseguido bons desempenhos nas competições africanas. Este crescimento tem impulsionado muitos jogadores angolanos a rumarem estrangeiro, em busca de afirmação. Contudo, nem sempre a experiência corre como esperado.

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A Liga Portuguesa, pela forte ligação histórica e linguística entre Portugal e Angola, é um destino natural. No entanto, desde que Pedro Mantorras brilhou com a camisola do Benfica, têm sido mais as desilusões do que as confirmações de talentos angolanos, especialmente nas academias dos ‘três grandes‘. Entre os casos mais marcantes, destaca-se claramente o de Gelson Dala.
Gelson Dala e falta de oportunidades
Gelson Dala foi uma das maiores promessas da história do futebol angolano. Depois de se destacar no 1.º de Agosto, transferiu-se para o Sporting, onde manteve o bom rendimento na equipa B. Ainda assim, mesmo após a saída de várias referências ofensivas do plantel principal, o jovem nunca teve uma verdadeira oportunidade nos leões.
É difícil acreditar que Dala tenha feito apenas dois jogos pela equipa principal do Sporting, tendo em conta o enorme potencial que lhe era reconhecido pelos adeptos. Enquanto alguns dos seus companheiros da formação, como Rafael Leão e João Palhinha, chegaram às principais ligas europeias, Dala acabou por seguir outro rumo: passou pelo Rio Ave e, atualmente, continua a marcar golos no Qatar e ao serviço dos Palancas Negras.
Vendas sem explicação
Apesar da sua juventude, António Muanza, mais conhecido como Maestro, já sabe que o seu futuro não passará pelo Benfica. Então, o médio chegou a Portugal vindo da Academia de Futebol de Angola e mostrou qualidade em vários jogos, mas nunca teve espaço real. Eventualmente, acabou por se mudar para o Adana Demirspor, da Turquia.
Assim, Maestro é mais um exemplo de talento angolano desperdiçado por um grande português, numa saída que, a olho nu, carece de explicação. Este verão, esteve perto de seguir-lhe os passos Domingos Andrade, mas o FC Porto exigiu um valor elevado ao Goztepe, o que acabou por travar a transferência. Assim, o jovem continuará a evoluir na equipa B dos dragões.
Caminho alternativo dos talentos angolanos
Tendo em conta estes casos, é legítimo afirmar que o caminho dos três grandes portugueses tem sido pouco favorável para jovens angolanos à procura de afirmação no futebol europeu. Ary Papel e Loide Augusto são mais dois exemplos de promessas que não conseguiram vingar nos grandes de Portugal. No entanto, poderá haver uma alternativa mais viável.
Enquanto os três grandes evitam arriscar num novo Mantorras (porque também têm que valorizar o produto local), outros clubes portugueses começam a atrair talento angolano. Então, Pedro Bondo é um caso paradigmático. Depois de não convencer o Sporting, foi o Famalicão quem apostou nele. A aposta tem dado frutos, com o clube a mostrar-se agradado com a sua adaptação.

Pedro Bondo em destaque no Famalicão. Foto: FC Famalicão
Para além dele, também Jonathan Buatu, Sandro Cruz, Manuel Keliano, Beni Mukendi e Depú, mesmo que alguns tenham seguido para ligas menos competitivas, receberam oportunidades em clubes de menor dimensão para crescer para Angola. Isto é significativo, porque Angola precisa de grandes jogadores para se tornar numa potência do futebol africano.