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Wilson Eduardo recorda: "[Angola] é o país dos meus pais e decidi aceitar o convite"

O ex-Sporting comentou sobre vários assuntos da sua vida, principalmente acerca da ida do irmão João Mário para o Benfica

Wilson Eduardo a jogar a CAN por Angola, em 2019. Foto: Imago
© imago images/ZUMA WireWilson Eduardo a jogar a CAN por Angola, em 2019. Foto: Imago

Wilson Eduardo é um futebolista português naturalizado angolano e que atualmente é avançado no FC Alverca. O internacional por Angola formou-se no Sporting e, para além dos leões e do clube de Alverca, representou Real de Massamá, Portimonense, Beira-Mar, Olhanense, Académica, SC Braga, Dínamo Zagreb, ADO Den Haag, Al Ain e Alanyaspor.

“Sempre demonstrou que queria regressar ao Sporting”

O jogador de 34 anos foi convidado do A Bola Fora, programa do jornal desportivo A Bola onde são entrevistadas diferentes personalidades do mundo do futebol. Entre muitos temas, um dos assuntos abordados esteve relacionado com o seu irmão João Mário, atual jogador do Besiktas, mas que passou tanto por Sporting como por Benfica.

Questionado acerca da altura em que o irmão esteve emprestado pelo Inter ao Sporting (venceu, inclusive, o campeonato com os leões) e, na época seguinte, acabou no Benfica, o ex-Braga contou: “Não posso dizer que me tenha custado. Foi uma situação chata, principalmente para ele e para a minha mãe, nós nem tanto porque estávamos fora. Foi a situação que foi.”

“Ele sempre demonstrou que queria regressar ao Sporting, a verdade é que toda a gente soube disso. Acabou por não acontecer, surgiu a oportunidade do Benfica e ele também, juntamente com a família, decidiu que era o melhor. Antes de o fazer, falou comigo e eu disse que “se é uma coisa que tu queres, nós estamos aqui a apoiar-te, não a cem, mas a mil por cento”. Foi uma coisa que não foi fácil, principalmente nos primeiros meses, mas que depois acabou por ser uma coisa natural”, explicou.

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“As pessoas têm de entender que não é apoiar o clube, é apoiar (…) um irmão”

Como familiares diretos, a comunicação é algo essencial para eles: “Nós falamos, se calhar não posso dizer todos os dias, mas todas as semanas falamos várias vezes para nos apoiar, para saber como é que todos estão, como é que estão as meninas, no caso do João. E tentamos sempre apoiar-nos, sempre foi assim. Crescemos sempre assim, apoiamo-nos sempre uns aos outros“, salientou, antes de abordar sobre como festeja as conquistas do João.

“Quando surgem momentos de vitória, de conquistas, nós somos os primeiros a vibrar e o Euro 2016 foi um dos casos. O campeonato que ele ganhou tanto no Sporting como no Benfica, também festejei da mesma maneira. Porque lá está, apesar de gostar do clube A, B ou C, é o meu irmão. É uma questão de como crescemos. Foi uma coisa que crescemos assim e sempre irá ser”, rematou.

Será que Wilson Eduardo não se sente à vontade para apoiá-lo publicamente ou ir a um estádio do rival? Eis a resposta: “Não. Quando estava no Braga não era tão fácil ir ao estádio ver os jogos. Mas se ele fizesse golo ou algo do género, claro. Hoje em dia critica-se muito nas redes sociais por se estar a jogar no clube A e estar neste caso a publicar uma coisa do clube B. Mas as pessoas têm de entender que às vezes não é apoiar o clube, é apoiar a pessoa, um grande amigo, um familiar, um irmão. Quando estava no Braga não ia tanto aos estádios, mas agora quando estive fora sempre tinha oportunidade de ir ao estádio ver os jogos sem problema algum,” destacou.

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Wilson Eduardo fez bem ter aceite o convite da seleção de Angola?

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Wilson Eduardo e “o sonho de jogar por Portugal vai sempre estando”

Recentemente, regressou a Portugal, depois de alguns anos fora e foi uma das contratações mais sonantes na segunda liga portuguesa. O FC Alverca foi o grande responsável por isso e foi perguntado a Wilson se ele sente a responsabilidade de ser um reforço “de peso” no clube e na liga. “Não, é normal eles [adeptos e administração] olharem para nós, até porque o nosso plantel é muito jovem. Sou o segundo mais velho. Tudo o resto é abaixo dos 25. Olham para nós, não digo de maneira diferente, mas com um tipo de responsabilidade que acabam por não passar aos outros. Pela experiência que temos, por aquilo que já vivenciámos no futebol, pela carreira que já tivemos, jogar na Liga, jogar fora. Já passámos por muita coisa e é mais nesse aspeto que a administração olha para nós.

Em relação ao grupo de trabalho, os sentimentos foram igualmente positivos: “Senti-me normal. Foi um grupo que me acolheu bem, já no final do mercado. Um grupo que já está junto há dois, três meses, mas que me acolheu bem, que me integrei rápido. Eles depois acabam por olhar, por perguntar, por tentar saber várias situações e nós, como mais velhos, vamos tentando ajudar de uma maneira ou de outra.

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Sobre a naturalização e consequente resposta positiva à seleção de Angola, o futebolista de 34 anos foi bastante sincero: “É verdade que tive várias abordagens de vários treinadores. Sempre fui honesto, quando estive ligado a um grande, tem-se sempre a ideia de que se vai chegar à seleção nacional de Portugal. Ainda fui pré-convocado no Sporting e o sonho de jogar por Portugal vai sempre estando. Com o passar dos anos, sabemos que a oportunidade passou, que o tempo de pensar em Portugal passou”, disse, acrescentando ainda mais alguns detalhes importantes.

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“Ia ser bom ter esta parte de jogador internacional”

“Juntamente com os meus pais, principalmente o meu pai, porque na altura vivia em Angola, falámos e acabou por ser natural. É o país dos meus pais e decidi aceitar o convite. Fui dos primeiros estrangeiros a aceitar, hoje já se vê mais a irem, mas foi uma coisa que sucedeu muito por força do meu pai. A minha mãe também me deu força, mas o meu pai sempre me incentivou a ir, que ia ser bom ter esta parte de jogador internacional. Foi mais por aí”, finalizou Wilson Eduardo.

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