O primeiro tempo de Leandro Paredes contra o River
A Bombonera estava em festa bem antes de a partida começar. Era dia de Superclássico. Para Leandro Paredes, a noite tinha gosto especial: depois de entrar apenas no fim dos jogos em 2012 e 2013, ele seria titular pela primeira vez em um Boca Juniors x River Plate.
Com a braçadeira de capitão, o campeão mundial de 2022 carregava o dever de conduzir o Boca rumo a uma vitória importante no Clausura. Logo que a bola rolou, Paredes mostrou serviço. Em vez de ficar parado na frente dos zagueiros, ele se movia bastante, puxava marcadores e abria espaço para Advíncula e Fabra.
Quando recebia a bola, alternava passes curtos e lançamentos longos que pegavam o River de surpresa. Entre um escanteio e outro, orientava os mais jovens, como Barco e Zeballos, falando o tempo todo e dando o exemplo de liderança.
Embora o Boca Juniors controlasse o campo, o primeiro tempo foi truncado. O time azul-e-ouro ficava mais com a bola, mas o River marcava firme. O primeiro grande aplauso veio quando Paredes deu um passe de calcanhar no meio, quebrando a monotonia e agitando a Bombonera. Mesmo assim, o ataque ainda não encaixava; as jogadas mais perigosas surgiam pelas laterais, em lançamentos que ele mesmo executava sobre a defesa rival.
Quase todas as bolas paradas ficaram nas mãos — ou melhor, nos pés — do camisa 5. O primeiro cruzamento saiu sem a precisão habitual, mas ele não se abalou. Aos 32, um lateral cobrado rápido achou Zeballos, que driblou Armani e fez 1 × 0. Paredes nem tocou na bola, mas correu para abraçar o garoto e levantou os braços, pedindo mais apoio à torcida — e foi atendido.
O segundo tempo de Paredes contra o River no Superclássico
No começo do segundo tempo, Merentiel ampliou para 2 × 0. Paredes correu até o alambrado, apontou para os colegas, beijou o escudo e vibrou com a massa xeneize em êxtase. O River parecia perdido, e o Boca sentiu que podia decidir o jogo de vez. O capitão então alternou o ritmo: às vezes mandava o time ter calma, girando sobre a bola; em outras, acelerava para tentar o golpe final.
Pouco depois surgiu uma falta na meia-direita. Paredes fingiu que ia cruzar alto, mas bateu rasteiro, quase surpreendendo Armani. O goleiro ainda teve de sair da área para cortar outra bola, gerando mais uma falta perigosa. O Boca rondava o terceiro gol, enquanto o River se segurava graças à experiência do camisa 1. Cada cobrança se transformava em drama, com a torcida prendendo a respiração.
Aos 66, tudo pareceu perfeito: falta cobrada por Paredes, desvio de Giménez, rebote de Armani e finalização de Merentiel para as redes. O estádio explodiu, mas o bandeirinha marcou impedimento milimétrico, confirmado pelo VAR. Mesmo assim, o meia não desanimou; continuou pedindo jogo, distribuindo passes e gastando o tempo quando preciso.
Nesse período, Galoppo acertou-o por trás, levantando o coro de “olé, olé, olé”. Logo depois, outro lance revisado anulou pênalti sobre Giménez. Com o placar assegurado, o técnico Claudio Úbeda tirou seu capitão aos 41 do segundo tempo. A Bombonera levantou como uma só voz. Paredes, ofegante, ergueu as mãos acima da cabeça e retribuiu os aplausos com um largo sorriso.
Ovação histórica marca a noite de Paredes no Boca Juniors
Caminhou devagar até a lateral, ouvindo gritos de agradecimento, vendo sinalizadores acesos e bandeiras tremulando. Deu lugar a Tomás Belmonte, recebeu abraços de colegas e membros da comissão técnica e sentou no banco. O apito final confirmou o 2 × 0 e desencadeou outra onda de festa. Paredes voltou ao campo, cumprimentou quem via pela frente e balançou a camisa em direção às arquibancadas, como quem diz: “este é o nosso escudo”.
Ficou alguns segundos parado, olhando o mar azul-e-ouro que cantava seu nome. Talvez lembrasse dos tempos de menino, sonhando viver exatamente aquela cena. Sua primeira noite como titular em um Boca-River não poderia ter sido melhor: vitória segura, atuação sólida e, acima de tudo, uma ovação que vai ecoar na Bombonera por muito tempo.
