Hansi Flick cobra mais intensidade no Barcelona
A diretoria do Barcelona admite preocupação, mas recusa qualquer cenário de alarme generalizado. Durante a pausa para as datas FIFA, Hansi Flick e sua comissão técnica esmiuçaram minuciosamente os reveses consecutivos diante de Paris Saint-Germain e Sevilla, dois resultados que, embora iguais no placar, tiveram naturezas bem distintas.
Antes de liberar o elenco para a dispersão com suas seleções, o treinador foi claro sobre o que esperava no retorno: trabalho duro, entrega total e espírito de competição renovado. Entre as convicções basilares de Flick, a intensidade no dia a dia ocupa lugar de destaque.
O alemão não abre mão de treinamentos exigentes e de um esforço máximo a cada sessão, filosofia que catapultou o Barça ao triplete doméstico no último ciclo e o levou às portas da final da Champions em Munique. O diagnóstico interno detectou um descenso de ritmo — sobretudo no pressing alto — nas últimas semanas, algo que o staff considera essencial restabelecer.
O técnico mantém serenidade porque, em termos de tabela, a situação não é dramática: na Liga dos Campeões, os números espelham os do ano anterior (uma vitória e uma derrota) e, em La Liga, a diferença para o Real Madrid é de apenas dois pontos. Ainda assim, Flick insiste que é hora de guardar as desculpas no bolso e vestir novamente o macacão de operário.
Outro fator que pesou nos tropeços recentes foi o número de ausências simultâneas. Raphinha, figura-chave no ataque do triplete, perdeu os três compromissos mais recentes; Fermín López ficou fora desde a goleada sobre o Getafe; Lamine Yamal, além de ter sido baixa em Sevilla, já havia desfalcado o plantel em quatro jogos por dores no púbis.
Soma-se a eles Gavi, com lesão grave que o afastará por cinco meses, e Joan Garcia, ainda sem previsão para o Clássico. A boa notícia é que o intervalo serviu para acelerar a recuperação de Raphinha, Fermín e Lamine, todos com retorno programado logo na primeira sessão da próxima semana.
Hansi Flick planeja usar Marcus Rashford como centroavante no Barcelona
Com peças importantes de volta, Flick estuda pequenos ajustes sem abandonar sua identidade. O sistema de pressão adiantada seguirá sendo a marca registrada, mas posicionamentos podem mudar. A ideia que ganha força é deslocar Marcus Rashford para o centro do ataque, transformando o inglês em referência na área.
O excelente rendimento de Ferran Torres não passa despercebido, porém o treinador acredita que Rashford pode oferecer profundidade diferente e, de quebra, abrir espaço para Raphinha atuar pela esquerda. Robert Lewandowski, ciente do contexto, deve assumir papel de recurso de luxo, entrando para mudar partidas específicas.
No vestiário, o clima é de autocrítica sincera. Diversos jogadores, de Pedri a Cubarsí, passaram a público detalhando falhas cometidas não apenas contra PSG e Sevilla, mas também em duelos complicados frente a Rayo, Levante e Real Sociedad.
Os únicos confrontos “imaculados” na avaliação da comissão ocorreram no Estadi Johan Cruyff, diante de Valencia e Getafe, quando a pressão foi coordenada e a eficácia, alta. Para Flick, reconhecer erros é só o primeiro passo; ele deseja ver o grupo unido como no ciclo anterior, blindado contra ruídos externos e disposto a priorizar o coletivo acima dos méritos individuais.
Barcelona pode buscar zagueiro e centroavante na janela de janeiro
Embora confie plenamente no elenco, o treinador não descarta movimentos pontuais na janela de janeiro. A saída inesperada de Iñigo Martínez — vital pela canhota — abriu lacuna sensível no eixo defensivo; desde então, Flick raramente conseguiu repetir dupla de zaga, salvo Cubarsí-Araújo e mesmo assim sem completar noventa minutos lado a lado.
A escassez de um zagueiro canhoto nativo levou a direção esportiva a vasculhar o mercado à procura de oportunidades. Paralelamente, caso a experiência de Rashford como “9” não renda o esperado, uma investida por centroavante também está em pauta.
Por ora, o foco absoluto é reerguer o nível competitivo a partir de segunda-feira, quando apenas os não convocados para seleções estarão em campo, mas já sob carga máxima de treinamento. A comissão delimitou metas claras: recuperar a agressividade na primeira linha de pressão, melhorar a circulação de bola em transição ofensiva e ajustar a coordenação defensiva nas coberturas.