Entre 2010 e 2013, a rivalidade entre Real Madrid e Barcelona chegou ao ponto máximo. José Mourinho comandava o Real, enquanto Pep Guardiola — depois substituído por Luis Enrique — dirigia o Barça.
Jogos pela La Liga, Copa do Rei e Champions League dominavam as manchetes e mostravam um choque de estilos e personalidades. Até a seleção espanhola, campeã da Euro e da Copa, sentiu o clima pesado.
Duas falas recentes trouxeram de volta essas lembranças. Primeiro, Marcelo contou a Iker Casillas que o Barcelona “parecia invencível” e que vencê-lo exigia grande esforço emocional.
Depois, Ángel Di María disse ao jornalista Juan Pablo Varsky que Mourinho ensinou o elenco merengue assim: “Para ganhar do Barcelona, era preciso bater, correr e lutar mais que eles”.
A goleada de 5 a 0 no Camp Nou
Em 25 de novembro de 2010, o Barcelona de Guardiola fez 5 a 0 no Real. Di María lembra: “Nunca vi a bola durante o jogo”. Depois dessa partida, o Real entendeu que, na técnica, não dava. Era preciso levar o duelo para o lado físico.

“Mourinho dizia que a única maneira era batendo”: Di María abre o jogo sobre os confrontos com o Barcelona. (Foto: Jasper Juinen/Getty Images)
Mourinho, que havia eliminado o Barcelona com a Inter na Champions do ano anterior, reforçou a ideia de “guerra” em campo: marcação alta, faltas táticas e quebra do ritmo de passes. Sergio Ramos, Pepe, Arbeloa e o próprio Di María executavam o plano sem dó.
A final de Mestalla: taça e muita pancada
Em 20 de abril de 2011, Real Madrid e Barcelona decidiram a Copa do Rei em Valência. O Madrid venceu com gol de Cristiano Ronaldo na prorrogação, mas as imagens marcantes são de carrinhos fortes, caneleiras voando e discussões. Di María admite: “Tinha hora que eu temia que machucassem Messi”.

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Nos 40 dias seguintes, os rivais se enfrentaram mais três vezes. Houve tapas no túnel, Mourinho colocou o dedo no olho de Tito Vilanova e falou em “campanha pró-Barcelona” da UEFA. A tensão chegou até aos grupos de WhatsApp da seleção espanhola, onde Puyol e Ramos, Xavi e Xabi Alonso, Casillas e Valdés precisavam conviver.
Seleção espanhola ameaçada
Di María, observador externo, notou: “Na seleção parecia tudo amizade, mas, quando jogavam entre si, saíam pontapés”. Casillas e Xavi atuaram como mediadores. Mesmo com as brigas, a Espanha ganhou a Euro-2012, mas foi preciso muitas conversas de paz e reuniões à noite nos hotéis.
O que ficou dessa era
Quase 15 anos depois, os números são claros: Guardiola enfileirou troféus; Mourinho quebrou a hegemonia do Barcelona com a Liga dos 100 pontos. Porém, o lado psicológico também ficou. Marcelo diz que aprendeu a competir no limite; Di María fala do cansaço de “viver sempre em alerta”.
Essa rivalidade virou exemplo em debates sobre fair play, VAR e proteção a jogadores habilidosos. Hoje, faltas duras e cotoveladas recebem punições mais severaSs




