Percursor como jogador

É para muitos, e os factos confirmam-no, a maior figura da história do futebol moçambicano. Trilhou essa distinção enquanto jogador e começa a habitá-la também como treinador. Chiquinho Conde, hoje selecionador nacional dos Mambas, é o nome comum a cinco das seis presenças de Moçambique em fases finais da CAN.

Sinónimo de sucesso, talento e competência, Chiquinho Conde cedo marcou pela diferença. Como jogador, foi o primeiro atleta oficialmente autorizado pelas autoridades de Moçambique a emigrar para jogar no estrangeiro, em contexto de pós-independência. O avançado transferiu-se então do Maxaquene para “Os Belenenses” portugueses.

Esta contratação tornou-se um marco precursor, um momento divisor de águas, símbolo de um antes e depois para o futebol moçambicano. Até então, os talentos nacionais estavam proibidos de emigrar – e se o faziam era por vias ilegais ou contestáveis pelo governo.

A verdade é que simplesmente não existia no país legislação para transferências internacionais de atletas no futebol profissional. Chiquinho obrigou à mudança de cenário e abriu assim as portas aos compatriotas que hoje jogam por esse mundo fora.

As CAN como atleta

Em 1986, o ano anterior a esta transferência para Portugal, Chiquinho Conde participou pela primeira vez numa CAN, então no Egipto. O avançado tinha 21 anos e fez os noventa minutos nos 3 jogos que Moçambique disputou. Já em 1996 e 1998, chegou às CAN como capitão de equipados Mambas.

Na África do Sul, fez igualmente os 3 jogos, sendo totalista. No Burkina-Faso, por sua vez, jogou apenas dois; ficou de fora do último encontro da Fase de Grupos. No total, somou 8 participações enquanto atleta na maior prova futebolística do continente, sem conseguir marcar qualquer golo. O que não diminui ou apaga o tamanho imenso da sua marca.

Seleção de Moçambique está no CAN’2025. Foto: FMZ

As CAN como treinador

As qualificações para as CAN de 2023 e 2025 são igualmente sua obra, agora enquanto treinador. O ano passado, o conjunto nacional terminou a Fase de Grupos em último lugar, com dois pontos conquistados nos empates com Egito e Gana. Já frente a Cabo Verde, Moçambique foi derrotado por 3×0.

O mérito, porém, está na presença por si só. Foi o atual técnico nacional quem ‘regou’ uma seca que durava desde 2010: há 13 anos que Moçambique não alcançava um apuramento. O objetivo para o próximo ano passará por conseguir a primeira vitória numa Fase Final da CAN, lacuna no percurso moçambicano na prova.

A alcançá-lo, será portanto uma conquista mais com rosto e pela mão de Chiquinho Conde. Só nessa presença em 2010, de resto, é que o da Beira não teve qualquer influência. A carreira há muito tinha terminado – pendurou as botas em 2003/2004 – e como treinador dava ainda os primeiros passos, então ao serviço do Ferroviário de Maputo.