No entender da UEFA, Israel
e Rússia são casos distintos
A UEFA respondeu, esta quinta-feira, aos crescentes apelos para banir Israel das suas competições, com uma declaração oficial no meio das crescentes pressões, tanto política como desportivamente.
Theodore Theodoridis, grego que ocupa o posto de secretário-geral do órgão que tutela o futebol europeu, respondeu: “Não houve qualquer discussão ou intenção por parte da administração da UEFA” de tomar medidas semelhantes contra Israel em comparação com a Rússia.

Theodore Theodoridis, secretário-geral da UEFA. Foto: Handout/UEFA via Getty Images
O ponto de vista do organismo presidido pelo esloveno Aleksander Ceferin é claro: “Existem duas situações completamente diferentes entre os dois países. Não se esqueçam do início da guerra na Rússia e na Ucrânia e do início do que está a acontecer agora – o que é lamentável, claro – no Médio Oriente”.

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Argumento a fazer lembrar
o de Marcelo Rebelo de Sousa
Para bom entendedor, meia palavra basta e segundo a UEFA, a Rússia iniciou o ataque/invasão à Ucrânia, pelo que está justificado o banimento das provas por si organizadas, enquanto Israel respondeu ao ataque da organização terrorista Hamas, que causou a morte de 1.195 pessoas e o sequestro de 251 civis.
Isto faz lembrar, um pouco (ou muito), a forma como o Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa simplificou a questão, em 2023, ao receber o chefe da missão diplomática da Palestina em Portugal, Nabil Abuznaid: “Eu sei que culpam Israel, mas desta vez foi alguém do vosso lado que começou.”

A UEFA entende haver uma diferença abismal entre as ações russas na Ucrânia e as israelitas na Faixa de Gaza e não vê qualquer motivo para banir Israel das suas competições. Foto: Ahmad Hasaballah/Getty Images
Número de mortos também
é completamente diferente
Desde o início da invasão da Rússia à Ucrânia, foram mortos quase 13.000 civis ucranianos e 47.000 militares ucranianos na defesa da integridade do território ucraniano face à agressão ditada por Vladimir Putin. Isto dá um total de 60 mil mortes e 78 por cento eram soldados ucranianos armados, enquanto apenas 12 por cento eram civis absolutamente indefesos.

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Em Gaza, Palestina, a situação, tal como a UEFA afirma, é, de facto, “totalmente diferente“. Naquela região do planeta morreram mais de 80.000 pessoas e é fácil de deduzir que tenham sido todos civis, pois, tanto quanto se sabe, a Palestina não tem um exército que esteja a tentar proteger o povo.
Em janeiro, a UNICEF reportava um total de 14.000 crianças palestinianas mortas pelo exército israelita, desde o início do conflito, número que já supera o total de civis ucranianos mortos desde o início da invasão russa.

Já morreram mais crianças palestinianas do que civis ucranianos desde o início de ambos os conflitos.Foto: Ahmad Hasaballah/Getty Images
Têm sido vários os relatos de crianças palestinianas mortas indiscriminadamente por Israel, em campo aberto, por atiradores, ao buscar água e comida. Como se não bastasse, entre as vítimas dos ataques israelitas, encontram-se socorristas e funcionários da ONU, número que ascende aos 408 profissionais da área, pois Israel proíbe ajuda humanitária ao povo palestiniano.

O desespero do povo palestiniano por comida enquanto Israel afirma não haver fome na Faixa de Gaza.Foto: Ahmad Hasaballah/Getty Images
Segundo o Programa Alimentar Mundial, 500 mil civis palestinianos enfrentam a fome na Faixa de Gaza: após o bloqueio israelita à ajuda humanitária, entraram em Gaza quase 100 mil toneladas de alimentos, ou seja, 500 gramas de comida diária por pessoa. Já Israel proibiu a pesca e declara não haver fome em Gaza.