Para o ex-defesa de Inglaterra ainda falta muito bom-senso
Danny Mills, antigo lateral-direito de Inglaterra (19 jogos), que representou Manchester City, Leeds, Middlesbrough, Charlton e Hull City, não escondeu o incómodo que lhe provoca ver tanto entusiasmo desmesurado por parte dos adeptos ingleses sempre que Inglaterra entra num Europeu ou Mundial.
Em entrevista ao site da famosa casa de apostas William Hill, o ex-futebolista, atualmente com 48 anos, teve afirmações surpreendentes pelo elevado grau de frontalidade. “Não temos os melhores jogadores do mundo. Parece que temos a arrogância de achar que temos os melhores jogadores do mundo e estes jovens são inacreditáveis, mas o facto é que não temos, assim simples”, afirmou.

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Sem papas na língua nem panos quentes, muito longe de pactuar com o típico e gasto discurso de antigos atletas, atualmente a exercer funções influentes como analistas e comentadores televisivos, Danny Mills prosseguiu: “Realisticamente, quando se olha para o plantel, a qualidade e experiência dos jogadores, estamos entre os seis ou oito melhores do mundo.” Seria, pois, interessante ver a relação entre a habitual valorização extrapolada do jogador inglês e o rendimento real.
Selecionador Thomas Tuchel acha que falta entusiasmo
O sucessor de Gareth Southgate no comando da seleção inglesa, Thomas Tuchel, acusou a equipa de falta de entusiasmo e Danny Mills tem um discurso distinto: “Se passarmos aos quartos de final, é mais ou menos o mesmo. Se passarmos às meias-finais, é bom. Se chegarmos à final, ótimo, se ganharmos, é milagre! Temos de ser um pouco mais realistas como adeptos de Inglaterra.”
Danny Mills prossegue na sua análise, tentando colocar os pés na terra à maior parte do típico adepto inglês: “O que as pessoas não compreendem é que ser selecionador de Inglaterra é completamente diferente de gerir um clube. É um conjunto de circunstâncias e cenários completamente diferentes.” Desde logo com o facto de a seleção inglesa, ao contrário dos clubes ingleses, não poder contratar os melhores do Mundo (estrangeiros) por valores absurdos.
“It’s coming home” vezes sem conta e sempre sem sucesso
Um dos gritos mais escutados pelos adeptos ingleses sempre que a seleção dos três leões vence ou começa a progredir numa fase final de uma grande prova é a velha expressão “it’s coming home” ou, em português, “está a voltar para casa”, numa alusão ao facto de o futebol ter nascido em Inglaterra. A questão é que, na prática, Inglaterra só tem um troféu, o Mundial de 1966. Recentemente perdeu duas finais em Campeonatos da Europa, uma em Wembley, com Itália e a outra com Espanha.
E é bom lembrar que mesmo o único título ganho por Inglaterra esteve sempre envolto em polémica, desde logo pelo golo da vitória, na final, por 3-2, sobre a Alemanha, batizado para a eternidade de golo fantasma. A bola rematada por Geoff Hurst no último minuto de prolongamento bateu na trave, foi ao solo e a equipa de arbitragem não teve dúvidas na validação do golo, apesar de nem sequer haver uma única imagem televisiva que o prove, muito pelo contrário.

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Como se não bastasse, é igualmente interessante recordar que além da polémica com a Alemanha na final, também não faltou na meia-final, com Portugal a sair derrotado por 2-1. A super-equipa comandada por Eusébio, Coluna e outras das maiores estrelas da década de 60, a par dos responsáveis da Federação, foram muito críticos quanto à arbitragem. Além disso, à última hora e sem quaisquer razões objetivas, a Seleção Portuguesa foi obrigada a mudar de local de treino e de jogo. Adivinhe-se? Em favor da localização da seleção inglesa, obviamente.