Em 13 duelos, águias nunca venceram colosso da Baviera

Benfica e Bayern Munique são clubes com uma grande tradição no futebol europeu, construída ao longo de épocas e épocas de grandes vitórias, muitos sucessos e também desilusões pelo caminho, que já vem de longe, tem muitas décadas e que, ao contrário de outros clubes, não advém de uma história recente, assente em miraculosas aquisições milionárias.

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Por isso mesmo, Benfica e Bayern Munique já se defrontaram várias vezes, para ser mais exato, em 13 ocasiões. O que a história nos mostra é que, ao longo do tempo, o gigante da Baviera tem sido uma besta negra, um verdadeiro pesadelo para o emblema lisboeta.

Em 13 duelos, o Bayern Munique ganhou ao Benfica por 10 vezes, seis das quais de goleada. Por três vezes, os bávaros marcaram cinco golos às águias, noutras tantas marcaram quatro, numa vez ficou-se pelos três golos, noutra pelos dois, e, curiosamente, na última derrota, o mais titulado clube da Alemanha ganhou ao Benfica apenas pela margem mínima (1-0).

Não existe uma diferença
de golos, mas, sim, um fosso

Se olharmos para os golos marcados por Bayern Munique e Benfica nestes 13 duelos entre si, registamos não uma simples diferença de golos com prejuízo para os encarnados, mas, sim, um autêntico fosso entre estes dois clubes, já que o colosso bávaro tem 36 golos marcados contra nem uma dezena das águias, ou seja, só por nove vezes fizeram balançar as redes do gigante alemão.

Muito desse fosso advém das várias goleadas aplicadas pelo Bayern Munique. Por três vezes, os bávaros ganharam com quatro golos de vantagem: 5-1, em 1976; 5-1 em 2018 (ambos em território bávaro) e 4-0 em 2021, no Estádio da Luz, neste último com um bis de Leroy Sané, Everton ‘Cebolinha’ na própria baliza, e ainda um golo do incontornável Robert Lewandowski.

Em 2018, mais do mesmo, dois bis – de Arjen Robben e Robert Lewandowski – e um golo de Franck Ribéry. Neste último caso, nota-se a mudança dos tempos e os efeitos da Lei Bosman: enquanto em 1976, os cinco golos foram todos alemães, em 2018 tiveram três nacionalidades diferentes.

Se recuarmos até 1976, registamos um bis do histórico Gerd Müller, outro bis para Bernd Dürnberger e ainda um golo de uma das lendas do futebol mundial, Karl-Heinz Rummenigge, no jogo da 2.ª mão dos quartos de final da então Taça dos Campeões Europeus, depois de o primeiro jogo de sempre entre estas duas equipas (1.ª mão), na Luz, ter terminado empatado sem golos.

No duelo mais recente, o Bayern Munique recebeu e venceu o Benfica, por 1-0, a 6 de Novembro, desafio da fase de grupos da Liga dos Campeões. Foto: Alexander Hassenstein/Getty Images

Pesadelos antigos chamados Hoeness e Klinsmann

Quis o destino que Benfica e Bayern Munique voltassem a defrontar-se de novo na época 1981/82 e o desfecho foi semelhante. Em novembro de 1981, o 0-0 no Estádio da Luz deixava a eliminatória em aberto, mas as águias sucumbiram na 2.ª mão, por uns inapeláveis 4-1, cortesia de Dieter Hoeness, autor de hat-trick.

Neste histórico de confrontos, há um nome que se eleva sobre todos os outros, o de Jürgen Klinsmann, que, como se sabe, foi um dos melhores pontas de lança do futebol mundial de todos os tempos. Em 1995, numa eliminatória da Taça UEFA, o Bayern Munique ganhou os dois jogos ao Benfica, por 4-1 no mítico Olímpico de Munique, com quatro golos (poker) de Jürgen Klinsmann e depois, na Luz, por 3-1, com o matador a acrescentar dois golos à contagem pessoal.

O técnico do Bayern Munique era Otto Rehhagel, o mesmo que liderou a Grécia à vitória no Euro 2004, sobre Portugal, no Estádio da Luz e Löthar Matthaus – para muitos o melhor jogador de todos os tempos do Bayern Munique – ainda distribuía classe pelos relvados, envergando a camisola 10 do colosso bávaro.

O sonho esteve muito perto
de acontecer com Rui Vitória

Sem desmerecer a magra derrota na época 2024/25, para a Liga dos Campeões, no Allianz Arena, por apenas 1-0, o Benfica chegou a aplicar um grande susto ao Bayern Munique, ficando muito próximo de fazer história, na época 2015/16, nos quartos de final da prova milionária, com Rui Vitória ao leme das águias.

Nessa temporada, o Benfica perdeu por apenas 1-0 em Munique e acalentava, de pleno direito, a esperança de poder desfeitear a besta negra no Estádio da Luz, no jogo da 2.ª mão dos quartos de final da Champions League e, pela primeira vez, reescrever uma história repetitiva.

Nesse célebre jogo, as águias empataram a duas bolas frente ao Bayern de Pep Guardiola e até marcaram primeiro, através de Raúl Jiménez, que fez o Estádio da Luz vir abaixo ao empatar a eliminatória, mas a alegria encarnada só durou uns escassos 11 minutos, altura em que Arturo Vidal fez o 1-1.

O Bayern Munique é, como se sabe, um dos clubes com maior número de adeptos no Mundo.
Foto: Adam Pretty/Getty Images

Tendências para o duelo
do Mundial de Clubes

Olhando agora para o presente, obviamente que a tradição tem o seu peso, além do poderio do plantel do Bayern Munique, com duas vitórias em dois jogos no Mundial de Clubes e que, esta época, reconquistou o título alemão (perdeu na anterior para o Bayer Leverkusen), com 13 pontos de vantagem, após ter ganho a Bundesliga por 11 vezes consecutivas.

Além disso, o Bayern Muniquenão perde há nove partidas consecutivas – seis vitórias e três empates – e é preciso recuar até 8 de abril para encontrar a última derrota dos bávaros: aconteceu no Giuseppe Meazza, por 2-1, com os italianos do Inter de Milão, na 1.ª mão dos quartos de final da UEFA Champions League.

Portanto, está assim traçado o cenário do que o Benfica pode esperar amanhã, a partir das 20 horas, na Bank of America Stadium, em Charlotte, Carolina do Norte, na derradeira jornada do Grupo C do Mundial de Clubes, basicamente, para não variar, outra vez uma tarefa gigantesca frente ao Bayern Munique.