“A minha passagem obrigou…”

Jorge Jesus, ex-Benfica ou ex-Flamengo, é um dos elementos portugueses no futebol que costuma marcar a diferença nas suas intervenções e, desta vez, não foi uma exceção.

Aquele que já foi considerado por duas vezes um dos dez melhores treinadores de clubes do mundo pela IFFHS (em 2013 com o 8.º lugar e em 2019 com o 7.º lugar), deu então uma entrevista à GloboEsporte e abriu o livro. Entre vários temas, o treinador demonstrou ter saudades dos tempos em que treinou no Brasil. Além disso, reconheceu que a relação que tinha com os adeptos era especial, acrescentando que foi algo que nunca aconteceu com os benfiquistas.

A minha passagem obrigou o futebol brasileiro e o próprio treinador a olhar o jogo de outra maneira. Quando chegámos, o futebol era muito de posição, de pouca pressão. Agora não. Eles já sabem o que é fazer pressão alta. A qualidade que o jogador tem continua, o talento continua todo lá, mas no futebol só o talento não ganha jogos hoje em dia. O talento com a qualidade do trabalho é o que ganha títulos e jogos, começou assim por referir.

Flamengo de JJ ou Botafogo de Artur?

“Atualmente, as grandes equipas do Brasil procuram essa mudança, como na Europa. Sinto que deixámos um legado para que outros treinadores portugueses, como Abel Ferreira e Artur Jorge, tivessem a continuidade dessa ideia de jogo. Isso fez com que três deles, no espaço de cinco anos, ganhassem. Portanto, sinto-me como o Pedro Álvares Cabral do futebol português no Brasil. O treinador português é o melhor treinador do Mundo” salientou.

Quem fez melhor trabalho no Brasil?

Quem fez melhor trabalho no Brasil?

Abel Ferreira
Artur Jorge
Jorge Jesus

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Flamengo de JJ ou Botafogo de Artur Jorge? Eis a resposta do luso: “Isso nem tem conversa e não há comparação possível. Não é por ter sido o treinador do Flamengo, mas estão a comparar o Flamengo do meu tempo, que ganhou tudo o que havia para ganhar. O Botafogo ganhou a Libertadores e o Brasileirão. No meu tempo, ganhámos o Estadual, o Brasileirão, a Libertadores, a Supercopa, a Recopa…tudo o que havia para ganhar”, destacou o treinador português.

Jorge Jesus é um dos treinadores mais históricos do Flamengo. Foto: Bruna Prado/Getty Images.

Jorge Jesus compara momentos no Benfica com momentos no Flamengo

O Botafogo teve mérito, estive sempre a acompanhar e fiquei feliz pelo Artur Jorge ter realizado esse feito, mas não há comparação possível. Aliás, a qualidade de jogo que a minha equipa tinha e a qualidade de jogo que o Botafogo tinha não dá para comparar“, salientou.

Guardo o Flamengo num lugar no meu coração. Às vezes, coloco os vídeos para lembrar 70 mil pessoas a gritar ‘olé, olé, olé, Mister…’. Isso eu não tive, e nunca terei novamente, nem no meu país. Estive no Benfica, ganhei tudo o que havia para ganhar e nunca tive um jogo em que os adeptos gritassem por mim. Então, tenho de ter saudades do Brasil. Fui bem tratado por todos, até mesmo adeptos que não são do Flamengo“, afirmou o técnico de 70 anos.

Por fim, acerca de um quase regresso ao Flamengo, disse: “No meu último ano de Benfica, foi por uma semana que não voltei. O Marcos Braz esteve em Portugal para me levar. Naquele momento não era fácil sair, mas disse se era possível esperar mais um pouco. O facto é que saí do Benfica depois de uma semana do acerto com o Paulo Sousa“, concluiu Jorge Jesus, que se despediu-se do rubro-negro com cinco títulos e quatro derrotas em pouco mais de um ano.