Herdeiro de Francesc

Pol Arnau joga no Logroñes, da quarta divisão espanhola, mas é desde a noite de quinta-feira (5) um nome conhecido em toda a Espanha. Frente a um Girona habituado aos palcos da La Liga e da Champions League, o lateral de 19 anos assumiu a baliza num momento decisivo, após a lesão do seu guardião. E brilhou.

Parece uma história tirada de um contos de fadas. Principalmente porque o jovem é filho de Francesc Arnau, guarda-redes já falecido, mas que representou o Barcelona e o Málaga durante a sua carreira. O malogrado jogador partilhou balneário com nomes bem conhecidos dos Fanáticos portugueses, como Luís Figo, Simão Sabrosa, Edinho ou Eliseu.

Colega também dos incontornáveis Ronaldo e Rivaldo, o pai Arnau morreu em 2021, aos 46 anos, quando era diretor desportivo do Real Oviedo. Ter-se-á atirado para os carris de um comboio, uma partida trágica que deixou devastados a mulher, igualmente antiga futebolista do Barcelona, e os filhos Marc e Pol.

“Pedi ao mister para ir à baliza”

Vamos ao jogo. O Logroñes conseguiu levar o encontro com o Girona, a contar para a segunda ronda da Copa del Rey, até ao desempate nas grandes penalidades. Nessa altura, o guarda-redes Kike Royo, que tinha sofrido um golpe na cabeça, teve que abandonar a partida. Problema: a equipa de Logroño não podia fazer mais substituições.

Pol Arnau foi a solução improvisada do técnico Sergio Rodríguez. E o lateral mostrou que, nas veias, lhe corre talento herdado. ‘Chegou-se à frente’, defendeu o remate de Abel Ruiz (ex-SC Braga) e fez Taça. “Pedi ao mister para me meter à baliza. Ele não estava muito convencido mas eu insisti”, revelou no final da partida.

Um anjo no céu

Então, o marcador não deixava dúvidas: 5×4 para a equipa do Logroñes, que já tinha eliminado o SD Eibar, da 2ª divisão espanhola, na primeira eliminatória da Taça Espanhola. Com um golo de… Pol Arnau. Um percurso de sonho para o conjunto rojiblanco e uma noite inesquecível para um menino que passou por tanto.

Quando fui para a baliza vi a imagem do meu pai. E durante os penaltis também. Penso nele sempre, a cada jogo que faço. Todos os dias. E quando defendi o remate, tive a certeza de que o meu pai me estava a ajudar. Acredito que isto aconteceu graças a ele. Tenho um anjo no céu, que me guia e apoia”, disse ainda Pol, visivelmente emocionado.

Nas suas redes sociais, o jovem partilhou uma publicação com várias fotografias da festa frente ao Girona, mas também outras, muito semelhantes, com o pai como protagonista. E não se esqueceu do irmão, ele que jogou igualmente nas divisões inferiores como… guarda-redes.