Outro FC Porto
Benni McCarthy vai ser um espetador atento do FC Porto vs Manchester United, jogo da segunda jornada da Liga Europa que vai decorrer a partir das 20h00 desta quinta-feira no Estádio do Dragão.
“O FC Porto é uma equipa diferente quando joga em casa. No jogo em Bodo, na Noruega, não reconheci o meu FC Porto. Talvez tenha sido o piso artificial, porque normalmente os jogadores não gostam de jogar nessa relva. Mesmo assim, acho que a falta de qualidade demonstrada pela equipa foi indesculpável. O Porto devia ter feito muito mais, mas agora tem uma oportunidade tremenda para derrotar o Manchester United. Acredito, sinceramente, que o FC Porto tem equipa suficiente para ganhar e pode tirar partido da tremenda pressão que existe sobre o United”, referiu o antigo goleador em entrevista ao ZeroZero.
O FC Porto vai ganhar ao Manchester United?
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Nas duas últimas épocas, o sul-africano foi adjunto de Erik Ten Hag e comentou o estado da nação no reino dos red devils.
Elogios e reparos a Ten Hag
“Taticamente o Erik é um dos treinadores mais espertos que conheci. É inteligente, um homem muito inteligente. Meticuloso, preocupado com os detalhes. Ele colocava tudo ao dispor dos jogadores, explicava-lhe com cuidado todas as situações possíveis e imaginárias sobre o jogo. Quando o jogo corria bem, toda a gente dizia que ‘uau, o Ten Hag é inacreditável’, mas quando corria mal… o treinador é questionado”, frisou o ex-avançado em entrevista ao Zero Zero.
O United está longe do fulgor de outros tempos, somando três vitórias, três derrotas e três empates nos nove jogos oficiais que fez até ao momento.
“No futebol moderno, acredito que os futebolistas querem ver um pouco mais de paixão no seu treinador. Têm de sentir que o treinador está com eles e disposto a lutar ao lado deles. Taticamente, sinto que o Erik está no topo. Falta-lhe um bocado dessa chama, dessa paixão. É assim que se ganham os jogos, principalmente os mais exigentes. Essa é a diferença, esse fogo que sinto em mim, essa fome que tenho. O Erik é mais conservador. Oferece toda a informação aos jogadores e depois espera que eles cumpram no relvado”, acrescentou.
O clube de Bruno Fernandes
Expulso frente ao Tottenham, Bruno Fernandes deverá ser titular diante do FC Porto.
“A minha relação com o Bruno é especial. É importante que as pessoas saibam que, bem lá no fundo, o Bruno é um grande portista (risos). Um portista verdadeiro. Tínhamos muitas conversas e ele contou-me que quando era pequeno, ele e a família dele eram adeptos do FC Porto. E disse-me que me adorava ver quando eu jogava lá”, gracejou.
“Ele acabou por jogar na formação do Boavista e, mais tarde, no Sporting. Nunca no FC Porto. O Bruno é da elite mundial e tem capacidade para jogar no Real Madrid. Isso é quão especial ele é. Adora o trabalho diário e tem a tal paixão de que eu falava. O Bruno vive sob esse desígnio dia após dia, a paixão e o treino duro”, apontou.
Outro português que atua na formação inglesa é Diogo Dalot.
“Outro grande portista. O Diogo era o meu filho no plantel, olhava sempre por ele. Quando eu jogava no FC Porto, até 2006, o Diogo jogava nas escolinhas do clube e por isso ele sabia tudo sobre mim. Foi maravilhoso partilhar essas memórias com eles e dar-lhes os conselhos que eu podia dar. Se alguns jogadores do Manchester United tivessem o que o Bruno e o Diogo têm, teria sido mais fácil ter bons resultados. Eles os dois treinavam com uma concentração impressionante, davam tudo o que tinham”, destacou.
Separação entre CR7 e Ten Hag foi inevitável…
A finalizar, McCarthy detalhou os bastidores da última passagem de Cristiano Ronaldo por Old Trafford.
“Não foi fácil, porque o Cristiano é uma personagem enorme. Tem a sua personalidade, a sua maturidade e quer um treinador que o perceba também. A dada altura, é verdade, as coisas começaram a não funcionar entre eles. O Erik tinha a sua filosofia, as suas ideias e não via o Cristiano a fazer parte delas. E os problemas nasceram. O Cristiano não ficava contente quando não jogava, porque dava tudo o que podia nos treinos. Ele treina como nunca vi antes alguém a treinar. Ele é um jogador de elite em tudo, mesmo nesse comportamento”, salientou.
“O Cristiano é um profissional de excelência. Infelizmente, a filosofia do treinador era diferente do que ele idealizava. Ten Hag queria um avançado capaz de pressionar logo à frente. E o Cristiano considerava que esse trabalho devia ser realizado pela equipa, como um todo. Com ele, em algumas zonas, o melhor a fazer é dar-lhe a bola e deixá-lo fazer as suas coisas. O Cristiano via o Ten Hag a optar pelo Martial e o Rashford na posição ‘9’ e não ficava satisfeito, porque sentia-se superior a todos eles. A separação era inevitável”.