Emails do Benfica promovem mais uma acusação
O processo relacionado com os emails do Benfica continua a decorrer na justiça portuguesa. Então, a divulgação de correspondência interna da estrutura da Luz levantou sérias suspeitas sobre possíveis influências em decisões de arbitragem e nas estruturas do futebol nacional. Um dos episódios mais mediáticos surgiu na época 2015/16, com o jogo Marítimo x Benfica, decisivo para o título mas cuja integridade ficou em dúvida.
Nesta quinta-feira (8) e na sequência destas investigações, o Ministério Público acusou Miguel Pinho de um crime de corrupção desportiva ativa. O empresário, que representa jogadores como Bruno Fernandes e Nuno Mendes, terá oferecido milhares de euros a um jogador do Marítimo com o objectivo de influenciar negativamente o seu desempenho nesse jogo.
Recorde-se que, em 2023, o próprio Miguel Pinho negou publicamente estas acusações, numa reação a um artigo do jornal Expresso. No entanto, o Ministério Público decidiu avançar com a acusação formal, considerando que se trata de “um crime de corrupção ativa agravado”.
Miguel Pinho tentou aliciar jogador do Marítimo
A investigação a Miguel Pinho resulta das certidões extraídas do processo dos emails do Benfica. Estes documentos referem que, a 6 ou 7 de maio de 2016, Miguel Pinho e o seu pai, Luís Miguel Pinho, terão abordado Edgar Costa. Propuseram-lhe então um pagamento de 30 mil euros para que, no jogo de 8 de maio de 2016, frente ao Benfica, “efetuasse uma prestação desportiva contrária aos interesses do Marítimo“.
Mais concretamente, o jogador foi incentivado a “jogar mal e não rematar à baliza“. No entanto, Edgar Costa recusou de imediato a proposta, apesar de esta incluir ainda a promessa de um novo contrato, mais vantajoso, noutro clube.
Num comunicado oficial, o Ministério Público revelou que requeriu “a aplicação da pena acessória de proibição do exercício da atividade de agente desportivo“. O organismo requereu então “a perda de bens e vantagens no valor de trinta mil euros, correspondente ao valor da vantagem/recompensa prometida pelo arguido”. Além disso, “o Ministério Público promoveu ainda a aplicação de medidas de garantia patrimonial, mais propriamente o arresto de bens existentes no património do arguido.”
Miguel Pinho segue César Boaventura
Miguel Pinho não é o único agente visado no processo dos emails. Em fevereiro de 2024, outro agente, César Boaventura, foi condenado a três anos de prisão, com pena suspensa, por três crimes de corrupção ativa no futebol.
Então, o Tribunal de Matosinhos provou que César Boaventura tentou aliciar os ex-jogadores do Rio Ave, Cássio, Marcelo e Lionn, com o objetivo de terem uma má prestação diante do Benfica, também durante a temporada 2015/2016. Estas abordagens também incluíram promessas de contrapartidas financeiras e contratuais.