Família aponta o dedo
Fernando Cáceres, antigo defesa internacional argentino que na Europa brilhou sobretudo ao serviço do Celta de Vigo e Valencia, está a ser acusado de femicídio. Raquel Candía, a sua atual mulher, morreu aos 45 anos depois de cair do sétimo andar do prédio para onde tinham acabado de se mudar, na província de Buenos Aires. Em casa, estavam apenas os dois.
O caso está a ser investigado pelas autoridades, que colocam três cenários em cima da mesa – acidente, suicídio ou femicídio. No entanto, a família de Raquel não tem dúvidas: Cáceres é o culpado. “Sempre a maltratou. É uma pessoa má, é desumano”, atirou Manuel, irmão da esposa do ex-futebolista, em declarações à imprensa local.
“Era uma relação bastante agressiva do lado dele. Há testemunhas e vizinhos que nos disseram que, momentos antes do acidente, houve alguma violência. Que dúvidas há?”, questionou ainda. “Aproximaram-se da varanda e empurraram-na. Há um culpado. A minha irmã não se matou. Mataram-na“, acusou, revelando ainda que a Raquel lhe pedira ajuda recentemente.
“Estava muito triste. Ele tinha-a presa e não a deixava sair. Estava sempre a pressioná-la e não a deixava visitar a família ao domingo”, disse. Algo que a mãe de Raquel corroborou. “Há mais de um mês que ela não via os filhos [de outra relação]”, afirmou, garantindo que Cáceres não permitia que a mulher os recebesse no apartamento que partilhavam.
“Não acredito que se tenha atirado”
Uma prima de Raquel Candía também falou com os meios de comunicação e reforçou a ideia de que a morte não terá sido um acidente. “Ainda não nos disseram nada. Não nos deixam subir porque estão a analisar o local do acidente. Queremos saber o que se passou, porque não acreditamos que se tenha atirado“, começou por dizer.
“Sei que existiam conflitos. Não sei se com ele, com a filha ou com a ex-mulher, mas não acredito que ela se tenha atirado. A relação com esta pessoa não começou há muito tempo”, explicou. “Mas afetou-me muito, não esperava e, além disso, estou convencida de que a Raquel jamais o teria feito. Não foi ela. Mataram-na e é preciso investigar”, pediu ainda.
De acordo com a imprensa argentina, a polícia encontrou Fernando Cáceres sentado na cama e não na cadeira de rodas, onde se desloca desde 2009. “Não descartamos nenhuma hipótese. Ainda é muito prematuro, mas estamos a trabalhar no local. Não nos chegou qualquer informação sobre uma terceira pessoa”, disse Carlos Arribas, o detetive responsável pela investigação.
Uma violência que lhe mudou a vida
Os meios policiais esclareceram ainda que Cáceres não prestou declarações em interrogatório, mas que o fará no decorrer desta ou da próxima semana. Recorde-se que o argentino foi brutalmente atacado num assalto há 15 anos. “El Negro“, como é conhecido no seu país, foi baleado no rosto; a bala entrou pelo olho direito e perfurou-lhe a base do crânio.
Tinha deixado de jogar dois anos antes. Na altura, o prognóstico foi muito reservado. Chegou em coma ao hospital. Lutou durante meses pela vida e acabou por recuperar, num autêntico milagre da medicina. Mas perdeu o olho e ficou para sempre dependente da cadeira de rodas. Em 2013, nova violência: entraram-lhe em casa e roubaram-lhe todo o dinheiro que tinha juntado para os tratamentos. Os assaltantes agrediram-no brutalmente.
Pelo meio, várias polémicas com a ex-mulher, que o acusou de não cumprir com a pensão de alimentos e que terá tentado suicidar-se após o Mundial de 1994. Porém, há muito que o antigo internacional estava afastado das manchetes. Até agora.