O início do fim!

Raphaël Varane revelou, nesta quarta-feira (16), as razões que o levaram a colocar um ponto final numa carreira repleta de conquistas e que também foi marcada por uma série de lesões. Tudo começou em 2013, numa partida do playoff de apuramento para a fase final do Mundial que decorreu no Brasil.

“Não deveria ter jogado. Depois da primeira mão, estava preparado para deixar o estágio, porque o meu joelho não me deixava em paz. Estava a inchar, estava quente, e, depois do playoff, não joguei durante dois meses”, recordou o agora ex-jogador de 31 anos, em entrevista ao L’Équipe.

“Nesse dia, coloquei, claramente, a minha carreira em risco. A França precisava de mim, o treinador precisava de mim, tinha de jogar, e assumi o risco. Mas não me arrependo. Por França, faria sempre tudo de novo. Ganhares com o teu país é incomparável”, acrescentou.

Exausto

Antes de ter anunciado o final da carreira, já tinha renunciado à seleção gaulesa.

“Sabia que com os bleus tinha terminado. Ainda estava bem fisicamente, mas queria reduzir o ritmo. Além disso, senti claramente a mudança geracional e, aos 29 anos, às vezes sentia-me fora de sintonia. Tenho três filhos e quero passar tempo com eles”.

“A minha filha nasceu no dia seguinte a um El Clásico e no dia seguinte fomos para a Alemanha. E o meu filho viveu esses momentos sem a sua mãe, que estava na clínica, e sem mim, que estava com o Real Madrid. Isso marcou-me e doeu-me”, reforçou.

O calendário de jogos deveria ser reformulado pelas entidades competentes?

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Mourinho, Ancelotti e Zizou…

Sobre os treinadores que mais o marcaram, Raphaël menciona três nomes.

José Mourinho iniciou algo enorme. Ancelotti conseguiu convertê-lo e depois tivemos a geração dourada no seu apogeu, com Zizou na frente. Mou chamou-me no Lens para que assinasse pelo Madrid. Aprendi muito com ele, ainda que nem sempre estivéssemos de acordo em tudo. Ele entende muito bem os jogadores, sempre os defendeu e sempre assumiu os momentos difíceis”, frisou.

O antigo defensor anunciou qual será o próximo desafio que vai enfrentar.

“Vou juntar-me ao comité de desenvolvimento do Como. Ainda tenho algo a aportar ao futebol e isso permite-me ver a outra cara do mesmo. Ser um desportista de alto nível é algo muito mais complicado do que as pessoas pensam. Tive a sorte de estar rodeado de gente boa, mas ainda assim foi muito, muito difícil”, contou.

Excesso de jogos

A terminar, o francês criticou o excesso de jogos. “Talvez não possamos mudar o mundo, mas temos de o fazer de forma diferente a partir de agora. Falei sobre isso mesmo quando estava a jogar, e não foi para destacar os meus problemas, mas os do futebol em geral”, começou por dizer.

“O futebol está a descarrilar e a máquina pode explodir. E estou a falar também da saúde mental dos futebolistas”, acrescentou, antes de criticar a falta de criatividade que existe cada vez mais nos terrenos de jogo.

“Há cada vez menos jogadores brilhantes, vemos cada vez menos criatividade e cada vez mais fisicalidade. O futebol devia ser um jogo de erros e, hoje em dia, há poucos, é tudo muito robótico”, concluiu.

Formado no Lens, Raphaël Varane destacou-se no Real Madrid, passou pelo Manchester United e finalizou a carreira numa curta passagem pelo Como 1907, Ao todo, tem um palmarés com 22 títulos conquistados, entre os quais destacam-se quatro edições da Liga dos Campeões, Campeonato do Mundo em 2018 e três Supertaças da Europa.