Diretor desportivo espanhol defraudou as expectativas
Andoni Zubizarreta estava a um passo do precipício, qual morte anunciada, praticamente certo e com a porta de saída escancarada no FC Porto, depois de uma má temporada que culminou com o péssimo desempenho no Mundial de Clubes, prova na qual o FC Porto terminou como a pior equipa da Europa.
Os três maiores jornais desportivos de Portugal anunciaram esta quarta-feira a sentença do antigo guarda-redes: demitido. Andoni Zubizarreta já deixou de ter poderes como diretor desportivo do FC Porto e nos próximos dias regressará a Espanha, sem saudades para os adeptos azuis e brancos.
Segundo o jornal A Bola, a gota de água terá acontecido na reunião que marcou o despedimento do técnico argentino Martín Anselmi em que este frontalmente acusou o diretor desportivo de não ter acautelado as saídas de Nico González e Galeno como deveria, face à importância destes dois jogadores na formação azul e branca, opinião que foi corroborada por André Villas-Boas, a juntar-se a várias situações passadas que se foram acumulando.
Vendas encheram cofres
e foram alvo de elogios
A acusação levantada por Martín Anselmi é legítima e fundamentada. Basta ver os reforços escolhidos pelo FC Porto para suprir as vendas do brasileiro Galeno e do espanhol Nico González para, respetivamente, Al-Ahli e Manchester City, por 50 e 60 milhões de euros cada.
A venda de Nico González igualou a maior de sempre do FC Porto – Otávio, para o Al Nassr, pelo mesmo valor – e a de Galeno ficou na história dos dragões como a terceira mais importante de sempre. Estava assim atingido o recorde de vendas do FC Porto numa temporada: 168,4 milhões de euros. Números de alto impacto saudadas por terem ajudado a desafogar a crise financeira portista e que foram alvo de grandes elogios dos mais diversos quadrantes.
Cofres encheram, contudo
o plantel ficou sem soluções
Ora, é justamente na componente desportiva, pela qual Martín Anselmi era o rosto visível, que entra em cena o reverso da medalha, pelo qual o argentino se indignou com Andoni Zubizarreta, devido à notória falta de qualidade geral no plantel portista.
Para o lugar de Galeno chegou o brasileiro William Gomes, de apenas 19 anos, proveniente do São Paulo, rotulado de craque, promessa, talento, por nove milhões de euros referentes a 80 por cento dos direitos económicos. O extremo assinou contrato até 2029, com cláusula de rescisão de 100 milhões de euros e, em meia temporada, fez um golo em 11 aparições, na despedida do Mundial de Clubes (e da época), no 4-4 com os egípcios do Al-Ahly.
Nico González, elemento absolutamente crucial no meio-campo portista, viu a sua vaga ser ocupada pelo argentino Tomás Pérez, de 19 anos, contratado ao Newell’s Old Boys, por apenas três milhões de euros, tendo assinado até 2029, com cláusula rescisória de €60 milhões. O médio participou em oito jogos, num total de 166 minutos. Em todos os casos de jovens cujo talento eclodiu antes dos 20 anos, nenhum chegou da América do Sul, em janeiro, à Europa.