Um sonho realizado

Al Shabab oficializou esta quarta-feira (18) a saída de Vítor Pereira do clube saudita. O português esteve dez meses à frente do 6º classificado da liga da Arábia Saudita e está assim a caminho do Wolverhampton, da Premier League, onde vai treinar seis compatriotas.

Num comunicado partilhado nas redes sociais, o clube garantiu que tentou convencer Vítor Pereira a ficar até final da temporada, mas que outro emblema pagou a cláusula de rescisão fixada pelo treinador português. O destino parece claro, embora não confirmado oficialmente: o espinhense deverá assinar um contrato de época e meia com os wolves.

Vítor Pereira, que foi bicampeão pelo FC Porto, tinha já admitido publicamente que um dos seus sonhos passava por treinar em Inglaterra. Esteve perto de o fazer em 2013: não renovou contrato com os portistas, de malas feitas para a Premier League, mas então o Everton acabou por escolher… Roberto Martínez. A “terra prometida” chega agora. Tarde mas a tempo.

Os desafios no Molineux

No Wolverhampton, os desafios serão muitos. O conjunto inglês soma apenas duas vitórias em dezasseis jornadas. Está afundado no 19º lugar do campeonato, depois de uma série de quatro derrotas consecutivas. E nos próximos dez encontros, vai encontrar pela frente equipas como o Manchester United, o Tottenham, o Arsenal, o Chelsea e o Liverpool.

A saída de Gary O’Neill e a entrada de Vítor Pereira são assim uma tentativa de inverter um rumo que parece, aos olhos dos adeptos dos lobos, quase inevitável por esta altura. O clube esteve pela última vez na Championship em 2017/2018, época em que carimbou o regresso à Premier League com o título de campeão da II divisão. Era treinador desse grupo outro português: Nuno Espírito Santo.

Gonçalo Guedes é um dos portugueses do Wolverhampton. Foto: Imago

A carreira de Vítor Pereira

Vítor Pereira começou a sua carreira nas camadas jovens do FC Porto. Em 2004/2005, fez um jogo pela Sanjoanense, nas duas épocas seguintes orientou o SC Espinho. Regressou aos dragões, para mais uma temporada na formação azul e branca. O grande salto aconteceu em 2008/2009, quando um Santa Clara então na Segunda Liga lhe bateu à porta.

Duas boas épocas ao serviço dos insulares garantiram-lhe uma terceira passagem pelo FC Porto – mas não ainda como treinador principal da primeira equipa. Em 2010/2011 foi adjunto de André Villas-Boas, a quem sucedeu em 2011/2012. Ao leme dos portistas, no primeiro grande desafio enquanto treinador, demonstrou toda a sua competência: foi bicampeão.

A tal transferência falhada para o Everton levou-o então à primeira passagem pela Arábia Saudita. Seguiram-se Olympiakos, onde venceu a Liga e a Taça gregas, Fenerbahçe, TSV 1860 München, três temporadas no Shangai SIPG da China, onde venceu um título e uma Supertaça, nova incursão pelo Fenerbahçe e… o futebol brasileiro.

Em 2022, Vítor Pereira orientou o Corinthians, em 2023 esteve ao leme do Flamengo. Agora, concretiza um sonho: depois de duas épocas no Al Shabab, chega enfim a Premier. No Wolverhampton, terá a companhia de José Sá, Nélson Semedo, Toti Gomes, Gonçalo Guedes, Carlos Forbs e Rodrigo Gomes