O Presidente da Associação Nacional dos Treinadores de Futebol (ANTF), José Pereira, anunciou que irá apresentar uma queixa formal contra o facto do Sporting ter apresentado João Pereira como o novo treinador da equipa principal.
João Pereira “não tem a certificação exigida”
“A Associação Nacional de Treinadores de Futebol não pode reconhecer [João Pereira] como treinador do Sporting, atendendo a que não tem a certificação exigida para o desempenho das funções. Nessa circunstância, naturalmente, teremos de tomar as medidas indispensáveis e necessárias, que são tradição desta Associação. Ou seja, denunciar a situação junto das autoridades competentes“, afirmou, em entrevista concedida à Antena 1.
“Déjà vu”?
Esta não é a primeira vez que o Sporting tem problemas com a ANTF. Em 2020, aconteceu exatamente o mesmo com Ruben Amorim, antecessor do atual técnico leonino, quando foi adquirido ao Sporting de Braga, para fazer face à demissão de Jorge Silas. Ainda assim, José Pereira deixou rasgados elogios ao novo treinador do Manchester United.
“Com Ruben Amorim, está confirmada a competência que demonstrou ao serviço do Sporting Clube de Portugal. Desejamos, naturalmente, o maior sucesso”, salientou, a propósito da ida do português diretamente para a Premier League.
O presidente da ANTF continuou: “O sucesso dele será o sucesso dos treinadores portugueses. Por isso, ficamos, naturalmente, satisfeitos por esta transferência. Torceremos, naturalmente, pelo sucesso que tenha em Inglaterra. O sucesso dele será o sucesso dos treinadores portugueses”, rematou.
Para José Pereira, está a existir uma desvalorização da profissão de treinador
Aliás, Amorim, quando estava à frente do Casa Pia, viu-se envolvido noutra “polémica” em torno das suas qualificações e que levou mesmo à aplicação de um castigo ao clube pelo Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol. Houve uma multa de 14 mil euros, derrota em dois encontros e realização de cinco partidas à porta fechada. Na altura, o motivo foi uma denúncia por violação dos regulamentos por parte do então treinador estagiário, que terá dado indicações e atuado como técnico principal em dois jogos.
Para o presidente da ANTF, casos como os de Ruben ou João contribuem então para a desvalorização da profissão de treinador. Ademais, José Pereira refletiu sobre as oito saídas nos comandos técnicos, já consumadas na temporada de 2024/25. Neste caso, Carlos Cunha no Gil Vicente, Daniel Sousa no SC Braga, Roger Schmidt no Benfica, José Mota no Farense, Filipe Martins no Estrela Amadora, Gonzalo García no Arouca, Luís Freire no Rio Ave e Ruben Amorim no Sporting.
Faz sentido esta "queixa" por parte da ANTF?
Faz sentido esta "queixa" por parte da ANTF?
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“Há muitos dirigentes estrangeiros neste país”
“Nada justifica que haja a famigerada chicotada psicológica com este número de jornadas. Querem resultados imediatos o que causa dificuldades. Estamos a chegar ao final do ano e começam a sentir mais dificuldade para a resolução dos seus problemas. Penso que é uma questão de competência das pessoas que dirigem o nosso futebol, ou seja, têm dificuldade em compreender o próprio campeonato onde estão. Há muitos dirigentes estrangeiros neste país neste momento e, não conhecendo as nossas metodologias, têm alguma dificuldade em se adaptar e o mais fácil é dispensar treinadores. Se tivessem de pôr dinheiro do bolsos deles, provavelmente teriam de ter cuidado”, concluiu.
Por fim, toda esta situação surge precisamente no dia em que João Pereira começou a orientar os trabalhos do Sporting, em Alcochete. O treinador português terminou o III nível do curso de treinador e está só à espera do certificado, mas não tem ainda o último nível, o UEFA Pro. Assim, resta aguardar para saber como terminará esta queixa.