Entre o céu e o inferno: o Barcelona x Real Madrid
O Barcelona de Hansi Flick é uma equipa que não faz concessões, nem contra o Real Madrid. Seu modelo é o futebol vertiginoso, de linha defensiva alta como um arranha-céu, de uma busca frenética pelo golo, como se chegar à baliza adversária fosse uma questão de vida ou morte. E, de facto, no mais alto nível do futebol europeu, céu e inferno são vizinhos muito próximos.
Contudo, o romantismo deste Barcelona não aceita o meio termo, um purgatório para expiar e purificar, uma paragem antes do paraíso. O Barça de Hansi Flick só sabe atuar no tudo ou nada, no all-in do póquer futebolístico, mesmo quando o que está em jogo é a glória histórica ou o fracasso retumbante.

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Para alguns, essa ingenuidade é o que causou a queda para o incansável Inter Milão na Champions League. Para outros, é justamente essa pureza que permitiu a reviravolta frente ao Real Madrid neste domingo (11), em La Liga, num 4-3 que começou com um 0-2 para os grandes rivais.
Virtude e fraqueza andam juntas
E sua maior virtude é também sua pior fraqueza. Quando o ataque é tão incendiário, o fogo também alastra-se para a defesa. Contudo, entre elogios e críticas, não se pode negar que estamos diante de uma equipa que nunca passa despercebida. E que sempre oferta entretenimento às bancadas. Seja a de seus adeptos ou a de seus rivais.
Na Liga dos Campeões, o 7-6 agregado do Inter foi um carrossel de emoções, no que talvez tenha sido a maior meia-final de sempre da prova europeia. Contudo, a frustração dos culés foi a consagração de outra grande equipa. O Inter de Simone Inzaghi também agrediu, foi cirúrgico e soube tirar proveito de todas as falhas do futebol total do emblema blaugrana. E apurou-se à final com justiça.

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Por outro lado, esse desejo implacável pelo golo foi o que permitiu a remontada frente aos merengues, na quarta vitória em quatro edições de El Clásico nesta época. Mesmo com o erro do ótimo Cubarsí, de apenas 18 anos, e dois golos de Mbappé, os 11 de Hansi Flick não se abateram. E jamais abriram mão daquilo que é a filosofia de jogo do treinador. E a recompensa veio.
Principalmente dos pés dos maiores nomes culés da temporada: Raphinha e Lamine Yamal. Enquanto o brasileiro ex-Sporting vive a melhor fase de sua carreira, o adolescente espanhol consagra-se a cada partida como um dos maiores talentos surgidos nos últimos anos. Em Espanha, muitos já falam do Barcelona de Lamine Yamal, como antes teve o de Ronaldinho e o de Messi.

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É claro que ainda é cedo para saber se este Barça será histórico como aqueles. Mas parece certo que entretenimento não irá faltar, como noutro jogo que marcou 2024-2025, num 4-5 de loucos frente ao Benfica na Luz. Para o bem ou para o mal, este Barcelona caminha na corda bamba entre o castigo e a benção. Se há algo além, Johan Cruyff deve estar a sorrir.