“Era um ambiente terrível”
Luís Filipe Vieira, antigo presidente do Benfica, deslocou-se ao Juízo Central Criminal de Lisboa e prestou declarações em tribunal. A situação ocorreu então no âmbito do julgamento do segundo processo dedicado a Rui Pinto, criador do Football Leaks e conhecido “hacker“.
“Chegou a uma altura que era mesmo desesperante e que estava desacreditado como benfiquista. Não conseguia dormir nada. Para quem viveu o Benfica como vivi, era um ambiente terrível e com muita desconfiança entre todos nós“, começou assim por referir.
O ex-presidente benfiquista, entre os anos de 2003 e 2021, afirmou igualmente que passou um tempo a trabalhar no Seixal e destacou exatamente que os colaboradores dos encarnados passaram a desconfiar “uns dos outros”, nos primeiros tempos.
A acusação hoje conhecida, e os resultados que produzirá, será de importância fulcral não só para o processo de credibilização do futebol português, mas também da própria Justiça. Continuará a instituição Benfica acima da lei? Ou será este o ponto de viragem? Só o tempo o dirá.
O que disse Luís Filipe Vieira sobre o “caso dos emails” do Benfica?
“Chegou a um ponto em que era impossível, porque só se falava disso. Tive de me ausentar para o Seixal, em que praticamente só se falava de futebol. Suspeitávamos uns dos outros e ninguém podia estar satisfeito. Aliás, as pessoas começaram a ter pavor e com receio de poder aparecer coisas suas cá fora“, afirmou o antigo dirigente.
Ademais, Luís Filipe Vieira destacou que o caso dos emails confidenciais divulgados prejudicaram o clube: “O Benfica cresceu ao longo dos anos e estava a ganhar muito no futebol. Não tenho dúvidas de que foi para desacreditar o Benfica e travar o clube. Em termos empresariais, fomos bastante prejudicados. Mas, em termos desportivos, basta ver o condicionamento que fizeram aos árbitros. Insinuou-se muito e há emails que foram distorcidos“, acrescentou.

José Eduardo Moniz também prestou declarações. Foto: Theo Wargo/Getty Images.
“Pretendia criar no público a noção de que o Benfica era semelhante a um polvo…”
Por outro lado, José Eduardo Moniz, antigo vice-presidente das águias, prestou também o seu depoimento no mesmo dia. Aliás, o atual Diretor-Geral da TVI corroborou com a opinião de Vieira em relação à intenção de “denegrir o Benfica”.
“O acesso ilegal à informação era objeto de tratamento que denegria a marca Benfica, a instituição e os seus dirigentes. Entrava-se, aliás, num esquema de especulação. Ele pretendia criar no público a noção de que o Benfica era semelhante a um polvo. Esse polvo controlava e conseguia ganhar jogos e competições à conta da manipulação das mesmas”, mencionou.

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Recordamos que, em todo este caso, Rui Pinto responde por 241 crimes. Portanto, 201 deles são de acesso ilegítimo qualificado, 22 são de violação de correspondência agravados e 18 são de dano informático. O informático luso já sido igualmente condenado no caso “Football Leaks”, em setembro de 2023, a quatro anos de prisão com pena suspensa, por crimes de extorsão na forma tentada, violação de correspondência agravada e acesso ilegítimo.