Ricardo Sá Pinto recorda passagem pelo Vasco da Gama do Brasil: “Não sou milagreiro”

O treinador português recusou a culpa da despromoção do 'Gigante da Colina'

Ricardo Sá Pinto recorda Vasco da Gama. Foto: Getty Images
© Getty ImagesRicardo Sá Pinto recorda Vasco da Gama. Foto: Getty Images

Sá Pinto recorda Brasileirão com Vasco

No futebol português, existe uma expressão muito conhecida: o treinador anda sempre de malas feitas. Um dos maiores exemplos dessa realidade é Ricardo Sá Pinto. Aos 52 anos, já trabalhou na Europa, Ásia, América do Sul e, mais recentemente, em África, onde deixou o comando do Raja Casablanca. Agora, volta a ser assunto devido à sua passagem pelo Brasileirão.

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Em entrevista ao canal Expresso 1923, Sá Pinto analisou a sua experiência no Vasco da Gama em 2020. Ele defende então que a pandemia e as dificuldades financeiras do clube foram fatores determinantes para a descida à Série B do Brasileirão. “Milagres não faço”, começou por afirmar o treinador português.

“Não sou milagreiro”

Ricardo Sá Pinto recusou-se então a assumir responsabilidade pelo insucesso desportivo do Vasco no Brasileirão. Durante a sua curta passagem pelo clube, conquistou apenas três vitórias em 15 jogos e acabou despedido. O seu substituto foi Vanderlei Luxemburgo, mas nem mesmo o experiente técnico brasileiro conseguiu evitar a despromoção.

Milagres não faço. Tanto assim é que o Luxemburgo, uma pessoa super competente e com um currículo enorme, não conseguiu fazer melhor. O problema não era o treinador. Com todo o respeito, ele fez mais jogos, não teve COVID, contratou jogadores, não tinham problemas financeiros e jogava de oito em oito dias, enquanto eu jogava de três em três. Tive um contexto muito difícil em que não foi possível fazer mais”, contou Sá Pinto.

Por isso, ele revelou as dificuldades financeiras do Vasco. “Estava à espera de aliviar a sequência de jogos para depois começarmos a ter uma época melhor. Não sou milagreiro, não posso fazer as coisas sozinho. Não tinha dinheiro para pintar o campo do centro de treinos, nem para tomar um pequeno-almoço. Havia miúdos sem dinheiro para comer. Não recebi salário em quatro ou cinco meses, mas alguém me viu reclamar de alguma coisa?”

“Tínhamos um cãozinho… um jacaré roubou-lhe a pata”

De seguida, Ricardo Sá Pinto contou que a sua ideia de jogo era servir Germán Cano, experiente avançado, mas enfrentou desafios com outros jogadores: “Tínhamos o Talles Magno, que ora corria, ora não corria. O Benítez realmente tinha alguma qualidade, mas era ‘vagabundo’, andava por todo o lado, não respeitava a posição e estava frequentemente lesionado. Ambos podiam jogar a 10, mas não eram fortes defensivamente.”

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Os meus laterais eram extremos, e os meus extremos jogavam por dentro para apoiar o Cano. Vagabundo, em Portugal, significa gostar de estar em todo o lado, de ter a bola, mas faltava-lhe aquele último terço, andava pelo campo todo. O Benítez era um miúdo fantástico. Pena as lesões”, complementou o técnico.

Germán Cano no Vasco da Gama. Foto: Getty Images

Germán Cano no Vasco da Gama. Foto: Getty Images

Por fim, Sá Pinto revelou situações inusitadas vividas no centro de treinos do Vasco: “O campo não era cercado como é hoje. Há várias histórias. Tínhamos um cãozinho que aparecia todas as manhãs. Um dia, apareceu sem uma pata. O que aconteceu? Uma bola caiu lá atrás, ele foi buscá-la e um jacaré roubou-lhe a pata”, concluiu.

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