Papu Gómez, do céu da Argentina ao inferno
No final de 2022, Alejandro “Papu” Gómez estava no topo do mundo com a seleção da Argentina. Mas rapidamente o médio teve de aprender na pele o significado de “quanto mais alto, maior a queda”. Pego no exame anti-doping quando jogava pelo Sevilha, ele recebeu a maior sanção da FIFA: dois anos de suspensão. Era o início de seu inferno pessoal.
Hoje, aos 36 anos, o jogador treina num clube da terceira divisão da Itália, onde estava quando teve a punição, a jogar pelo Monza. Numa entrevista em seu país de origem, ele falou sobre tudo o que passou. “Passei de campeão do mundo a não receber chamadas de ninguém, desaparecer do meio e não jogar mais”.
De acordo com antingo internacional argentino, o baque não poderia ter sido maior. “Estou trabalhando em aceitar que o personagem do ‘Papu Gómez’ está chegando ao seu fim. Está deixando de existir e que agora sou uma pessoa comum, um pai de família. Estou a trabalhar o ego, em apagá-lo um pouco e tratar de viver como Alejandro”, afirmou.
Xarope para tosse
O médio testou positivo para terbutalina, substância proibida pela FIFA. Trata-se de um broncodilatador utilizado para aliviar sintomas de doenças pulmonares como asma e bronquite. “Acordei no meio da noite e tive um ataque de tosse. Disse à minha mulher que desse um xarope para tosse, tomei um do meu filho Milo”, relembrou Papu, que poderá voltar a jogar somente em outubro de 2025.
No controle médico, contudo, ele não relatou ter tomado o remédio. “Então houve o doping surpresa… Esqueci-me por completo que havia tomado o xarope… Se tivesse informado (ao médico) sobre isso, não teria acontecido nada. Depois chegou um email que havia dado positivo, quatro dias antes da final do Mundial. Foi horrível. Estive dois dias muito mal, com febre… Imagina, a festejar e com a cabeça naquilo que ia acontecer depois…”.
Papu Gómez: padel foi escape para esquecer futebol. Foto: Imago.
Um “miúdo” em busca de um lugar
Papu Gómez, contudo, não informou aos colegas de balneário na seleção da Argentina sobre o ocorrido. “Não contei a ninguém, parecia-me muito egoista. Não queria que pensassem em outra coisa que não fosse a final. Muitas vezes pensava: ‘se sou campeão do mundo, não jogo mais”.
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Mas o que passou-lhe pela cabeça não ficou. Atualmente, o médio sonha em retornar aos relvados. “Estou a treinar num campo sintético, da Serie C. Prefiro isso a odiar o futebol… Não queria que tivesse asco pelo que me passou. Então, comecei a jogar padel, afastei-me completamente do futebol. Estou recomeçando, como um amador, agora mesmo sou um miúdo que quer estrear-se na primeira (divisão). Tenho que ganhar meu lugar”.