Raúl de Tomás, ex-Benfica, abordou a depressão
Raúl de Tomás, avançado espanhol que passou sem sucesso pelo Benfica em 2019/20, partilhou estar a atravessar uma batalha contra a depressão, que teve início em 2021/22, quando se encontrava ao serviço do Espanhol de Barcelona.
Em entrevista ao jornal AS, o internacional por Espanha em quatro ocasiões, abordou a importância da saúde mental e disse estar feliz no Al Wakrah, clube qatari ao qual foi cedido pelo Rayo Vallecano depois de não ter realizado um jogo na época passada.

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O que é a depressão? O conceito é difícil de entender para muitos ainda, por não estar à vista, como um braço partido ou visível em exames médicos como, por exemplo, um cancro. Raúl de Tomás explica: “Há momentos na vida em que, por muito que queiramos fazer, não conseguimos. A nossa cabeça quer fazer, mas impede-nos ao mesmo tempo.”
O culpado tem um nome
e De Tomás não esconde
“Ter-me-ia reformado no Espanhol e não o fiz porque chegou um treinador chamado Diego Martínez, que veio para me lixar. Esse tipo foi lá para me expulsar. Não queria que eu estivesse ali“, começa por relatar Raúl de Tomás.
“Tinha jogado pela seleção espanhola e estava no melhor momento da minha carreira“, prossegue o atacante espanhol de 30 anos, que sublinha: “Aquele homem chegou e afundou-me com as suas armas. Eu era feliz, as pessoas gostavam muito de mim, tinha a minha vida organizada, os meus cavalos… Regressei ao Rayo [Vallecano] porque era o Rayo [n.d.r. clube que De Tomás havia representado].”
A teoria, chamemos-lhe assim, descrita por Raúl de Tomás, é mais do que isso e está sustentada em números e factos, não somente opiniões, o típico “eu acho que“. Com efeito, antes da chegada de Diego Martínez, na época 2020/21, sob as ordens de Vicente Moreno (atual técnico do Al Wakrah), Raúl De Tomás fez 23 golos e 3 assistências em 38 jogos pelos pericos, foi chamado à La Roja e o seu nome associado a vários clubes de topo europeu.

Raúl De Tomás, apesar de qualidade e talento que sobressaíam, não chegou aos patamares que eram esperados do espanhol. Foto: SL Benfica
Raúl de Tomás aconselha
quem sofre de depressão
“Se puder ajudar outras pessoas que se encontram na mesma situação, diria não tenham medo. O mais importante é curarmo-nos da depressão, da ansiedade. Temos de ser egoístas em relação à nossa saúde. Sem isso, não somos nada“, enfatizou o atacante.
Raúl de Tomás faz um relato concreto do que vivenciou: “Estava mentalmente exausto por tudo o que estava a passar, a ouvir. Tomei a decisão de parar por mim. Precisava do meu espaço e tinha de esquecer o desporto. Sei que é o meu trabalho, mas não me sentia bem e precisava de parar. Foi bom para mim. Voltei, o treinador deu-me dois jogos e senti-me encorajado, pensando que era capaz de o fazer. Tinha uma atitude positiva e estava integrado. No entanto, a dinâmica de não jogar voltou e foi outro apagão para mim.”

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Raúl De Tomás não aborda ter tido ideias ou impulsos suicidas, comportamento associado à depressão, mas, em Portugal, três pessoas por dia põem termo à sua vida, uma em cada seis mortes de pessoas entre os dez e os 29 anos é causada suicídio associado à depressão, cujos casos mais conhecidos foram os dos atores Luís Aleluia e Pedro Lima, o antigo jogador do Benfica, Robert Enke e o lendário Michael Phelps, maior nadador de sempre, sofreu de depressão e teve ideias suicidas.