Fernando Madureira estava detido desde 31 de janeiro
Fernando Madureira, ex-líder dos Super Dragões, durante quase duas décadas, apresentou-se esta quinta-feira em tribunal para tomar conhecimento da decisão jurídica no âmbito da Operação Pretoriano. Também Sandra Madureira, mulher de Macaco – assim era conhecido – ficou a saber o desfecho do julgamento.
Macaco, detido desde 7 de fevereiro de 2024, na sequência de graves incidentes que ocorreram numa assembleia-geral do FC Porto, ficou a saber que vai cumprir três anos e nove meses de prisão efetiva, após ter sido considerado culpado. Sandra Madureira, esposa de Fernando Madureira, foi igualmente condenada, porém, a uma pena bem mais leve: dois anos e oito meses de prisão, com pena suspensa, ou seja, fora das grades.

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Outros membros destacados da claque portista Super Dragões como Fernando Saúl e José Dias foram absolvidos de todos os crimes de que estavam acusados e outros arguidos, também membros da claque, igualmente associados aos atos que desencadearam a Operação Pretoriano foram condenados somente a penas suspensas.
Provado plano criminoso para coagir e intimidar associados
A leitura do acórdão realizou-se no Tribunal Criminal de São João Novo, no Porto. O Tribunal deu como provada a existência de um “plano criminoso” para “criar um clima de intimidação e medo” na Assembleia Geral do FC Porto, na qual ocorreram confrontos e agressões, para garantir a aprovação da proposta de alteração dos estatutos do clube, do “interesse da direção” então liderada por Pinto da Costa.

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Segundo a juíza Ana Dias, que fez questão de reconhecer “excelente líder de claque” em Fernando Madureria, porém, o que se sucedeu foi intolerável: “Uma claque de futebol não é isto nem pode ser isto. Foi em prol de uma ditadura e já deixamos há muito tempo o Salazar para trás.”

Já antes da célebre AG, Fernando Madureira estava na mira das autoridades por suspeitar de enriquecimento ilícito, chamando a atenção por ostentar viaturas de luxo. Foto: Facebook / Super Dragões Oficial
Intimidação e agressões foram gravadas e tornadas públicas
Recorde-se que a Operação Pretoriano teve o propósito de investigar todos os incidentes de violência ocorridos na assembleia geral extraordinária do FC Porto de Novembro de 2023. O Ministério Público, após reunir provas, acusou o ex-líder dos Super Dragões, a mulher e vários outros elementos da claque, de terem montado um clima de medo e intimidação.
O clima, ou melhor dizendo, estratagema, culminou em agressões a sócios portistas, que se recusavam a prestar reverência a Pinto da Costa e que se atreviam a colocar questões incómodas sobre as finanças do clube. Há muito que circulavam boatos de intimidação, mas, nesse dia, sob a pressão da real ameaça de André Villas-Boas derrubar Pinto da Costa, ao fim de 42 anos de presidência, as ameaças passaram a atos.
Sócios obrigados a aplaudir Pinto da Costa, senão…
Nomeadamente, um dos pontos provados é de que os sócios presentes na AG do FC Porto se viram obrigados a bater palmas aos discursos de Pinto da Costa, sendo ameaçados pelos arguidos presentes na reunião magna. “Vão todos levar nos cornos, seus filhos da p__a“, foi uma das frases dirigidas a sócios reticentes a aplaudir Pinto da Costa e Sandra Madureira proibiu, devidamente apoiada por elementos da claque, sócios de filmar partes da AG, ameaçando e intimidando.
Só que, não conseguiu proibir todos os associados, as imagens tornaram-se públicas, absolutamente condenadas pela opinião pública. André Villas-Boas, que, mais tarde, esmagou Pinto da Costa nas eleições, não teve medo ao afirmar que “o FC Porto está refém de uma guarda pretoriana, que faz o que quer” e solicitou às autoridades policiais que tomassem medidas e começassem por identificar os responsáveis pelas agressões na AG.
O próprio André Villas-Boas foi vítima de intimidação, alegadamente, por parte de membros insatisfeitos da principal claque portista, com atos de vandalismo à sua residência. Recorde-se ainda que horas depois de Pinto da Costa ter dado uma entrevista à SIC, na qual se mostrou “admirado” pela anunciada candidatura rival, a polícia foi chamada por duas vezes à habitação de André Villas-Boas pelo rebentamento de petardos, agressões a um segurança e roubo de uma viatura.