O “chegar, ver e vencer” de Gyokeres no Sporting
Chegou ao Sporting em 2023 sem grandes promessas, mas com uma ambição evidente no olhar: Viktor Gyokeres, senhoras e senhores, raparigas e rapazes. Trocou o Coventry pelos Leões e a Championship pela Liga Portugal. Em poucos meses, passou de aposta sólida a fenómeno. O futebol português acolheu-o e ele respondeu dentro de campo: potente, vertical e implacável. O avançado internacional sueco não demorou a deixar a sua marca (e que marca).
Com 29 golos na época de estreia, para o campeonato, foi o motor ofensivo de uma equipa dos verdes e brancos que já vinha embalada por conquistas recentes, mas que reencontrou com ele uma nova dimensão de agressividade e confiança no último terço. Mais do que os números, que impressionaram desde o início, Gyokeres impôs um estilo. Um futebol físico, mas inteligente. Pragmático, mas eletrizante.

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O festejo com a máscara — teatral, provocador para uns e magnético para outros — tornou-se imagem de marca. Primeiro uma curiosidade, depois um símbolo. As crianças e os adultos imitavam-no, as bancadas aguardavam-no. Cada golo era não só um contributo desportivo, mas também um momento de espetáculo. Em pouco tempo, o “homem da máscara” tornou-se num dos rostos mais reconhecíveis, mesmo em parte tapado, da liga portuguesa e um dos nomes mais falados na Europa.
A máscara que escondeu mais do que um rosto
Na segunda temporada, elevou ainda mais a fasquia. Chegou aos 54 golos em todas as competições, contribuiu para um bicampeonato e uma dobradinha nacional e acumulou mais prémios individuais. Com média superior a um golo por jogo, ajudou, portanto, o Sporting a consolidar-se entre os mais competitivos do continente. Os rumores sobre uma transferência cresceram. A inevitabilidade de uma saída parecia, desde cedo, uma questão de tempo.
Como ficará a imagem de Gyokeres para a história do Sporting?
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De facto, foi uma saída anunciada, mas não foi uma saída limpa. O jogador recusou-se a apresentar no estágio de pré-época, invocando desacordos com a direção liderada por Frederico Varandas e acelerando o processo negocial. Foi uma rutura que contrastou com o compromisso que cultivara dentro de campo. O silêncio falou mais alto e a camisola ficou com uma mancha difícil de tirar. Pela primeira vez, a máscara pareceu esconder não só a cara como também um ligeiro distanciamento, igualmente promovido por um daqueles típicos agentes que estão no mundo do futebol.

Pedro Gonçalves e Gyokeres celebram o bicampeonato e a dobradinha. Foto: Sporting CP
Quando o silêncio falou mais alto do que os golos
Com a oficialização da transferência para o Arsenal por cerca de 76 milhões de euros (65,8 fixos e poderão acrescentar-se 10,2 em variáveis), fecha-se um dos capítulos mais marcantes em Alvalade. Sem dúvida, Gyokeres foi um avançado de eleição, possivelmente o mais dominante a atuar em Portugal neste século, em conjunto com Hulk (ex-FC Porto) e Jonas (ex-Benfica). No entanto, deixa um caso de estudo sobre o peso das expetativas e a influência de determinados elementos.

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Claro que, no fim, ficam os números e as imagens, os golos e as máscaras, os títulos e os enormes impactos. Contudo, fica também a sensação de que, por mais épico que tenha sido o percurso, o desfecho ainda importa. Viktor Gyokeres deixou um legado difícil de igualar, mas o Sporting – como sempre – seguirá em frente. O futebol não vai parar… nem mesmo quando o rugido se calar.