A Federação Angolana de Futebol confirmou que apresentou uma queixa à CAF na sequência dos episódios recentes em Marrocos, casa emprestada do Níger, que terá tentado boicotar a preparação angolona para o encontro entre ambas as nações.

Desvio e portas trancadas

Na altura, os Palancas Negras, pela voz do vice-presidente da Federação Angolana, garantiram ter sofrido uma tentativa de interferência ao treino prévio ao jogo de apuramento para a Taça das Nações Africanas.

“O autocarro que transportava a seleção nacional para o estádio foi desviado, propositadamente, para um outro local, por algum tempo. Lamentamos essa situação causada pelos nigerinos. A responsabilidade é da Federação de Futebol do Níger”, acusou diretamente José Carlos Miguel.

Apesar do sucedido, a seleção orientada por Pedro Gonçalves conseguiu chegar ao seu destino e fazer o reconhecimento do palco onde assegurou o apuramento para a CAN de 2025.

Não sem mais problemas: o portão do recinto desportivo estava originalmente fechado. Com apoio do oficial de arbitragem da CAF, Angola conseguiu resolver a questão e pôde treinar, embora já fora da hora previamente estipulada.

“Práticas negativas e nocivas ao futebol”

Em declarações ao Jornal de Angola, José Carlos Miguel confirmou que a Federação Angolana de Futebol acionou as instâncias superiores, indignada com os sucessivos jogos de bastidores que tem sofrido pelo continente afora, e que apresentou queixa.

“São práticas negativas e nocivas ao futebol. Agora, é preciso não calar. No nosso caso, comunicámos prontamente o episódio; formalizámos o ‘report’ à estrutura superior da CAF, para que se responsabilize quem assim proceda e situações do género não se repitam”.

O dirigente não tem dúvidas de que práticas semelhantes atentam à evolução da modalidade. “Isso tira a qualidade à modalidade, prejudica, atenta contra as regras do fair-play. É ilícito, ilegal e incorreto. Procuramos vencer o desafio a jogar a bola e não com esses anti-jogos de bastidores”, desabafou.

Ainda de acordo com vice angolano, a selecção viveu situações semelhantes na Mauritânia e na República Democrática do Congo, onde, na época do COVID-19, os jogadores ficaram retidos “sob pretexto de inexistência de técnicos de serviço migratórios, embora outras pessoas pudessem passar sem qualquer problema”.

Também recentemente, na mesma jornada de apuramento para a CAN, a Nigéria viveu uma situação semelhante: o avião onde a sua seleção viajava foi desviado à chegada à Líbia e os jogadores foram “abandonados” sem comida ou água. A partida acabou mesmo por não se realizar.