Xavi admite falhas e revisita seus próprios erros
A saída de Xavi Hernández do comando do Barcelona aconteceu no verão de 2024, depois de meses de incerteza que cansaram o técnico e a diretoria. Em janeiro, ele mesmo avisou que deixaria o cargo, porém acabou confirmado novamente e, ainda assim, saiu quando a temporada terminou.
O Blaugrana terminou 2023-24 sem títulos, e algumas falas do treinador soaram “negativas demais” para os dirigentes, criando um clima tenso e sem espaço para homenagens. Um ano e meio depois, durante um evento no Campus ESIC, o ex-capitão explicou por que o projeto não deu certo.
Reconheceu erros e foi franco ao apontar falhas na própria gestão. “Comecei cobrando muito de mim e de todos, porque o clube vinha de pouca cobrança”, disse. Em seguida, admitiu ter relaxado cedo demais: “Meu erro foi manter esse padrão alto só durante um ano. Depois da LaLiga e da Supercopa, afrouxei e me perguntei: ‘O que houve comigo?’”.
Os primeiros sinais positivos surgiram no fim de 2021-22. O Barcelona, então no meio da tabela, reagiu e terminou em segundo lugar na liga, com atuações empolgantes – mesmo sem conquistar troféus e caindo para o Eintracht Frankfurt na Liga Europa.
Perda de intensidade marcou o declínio do Barcelona
O auge veio em 2022-23, quando o time venceu a Supercopa da Espanha e voltou a ser campeão nacional, reacendendo o entusiasmo dos torcedores. Na temporada seguinte, porém, apareceram fragilidades que Xavi não conseguiu resolver.
Segundo ele, os treinos perderam intensidade e o grupo mudou de atitude: “Notei que os jogadores já não mostravam o mesmo respeito nem o mesmo esforço. Os padrões caíram passo a passo, até terminarmos um ano sem ganhar nada”.
Dentro do clube, entendia-se que o discurso do técnico perdeu força; a confiança virou ansiedade nos jogos decisivos.O fracasso de 2023-24 levou à troca no comando: Hansi Flick chegou com a missão de recolocar os culés entre os melhores da Europa.

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Apesar do final amargo, o legado de Xavi vai além dos resultados ruins. Ele deu espaço a jovens que hoje são importantes e recuperou ideias de jogo ligadas à identidade do clube. “Aprendi muito olhando para trás”, garantiu, dizendo que pretende voltar aos gramados mais pronto para manter a mesma cobrança “do primeiro ao último dia”.
Xavi admite desgaste emocional ao comandar o Barcelona
O ex-meio-campista também admitiu ter subestimado o desgaste emocional de liderar um vestiário que o via como ídolo. Para ele, a ligação afetiva dificultou decisões difíceis. Mesmo assim, celebrou ter revitalizado um time que “parecia sem rumo” após as crises de 2020 e 2021.
“Cometi erros, mas tenho orgulho de ter recolocado o Blaugrana na disputa, mesmo que por pouco tempo”, afirmou, diante de uma plateia de estudantes de gestão esportiva. No fim da palestra, Xavi deixou uma lição: “Num clube como o Barcelona, ou você mantém o nível de exigência todo dia, ou a história do próprio escudo te engole”.




