O Barcelona joga esta quarta-feira (6) a quarta jornada da Fase de Grupo da Champions League na casa do Estrela Vermelha (22h), mas não contará com o apoio dos seus adeptos.
Duelo de… estrelas
O Estrela Vermelha é um dos seis emblemas que, até ao momento, não pontuaram ainda nesta liga de estrelas, mas carrega-as no nome e na sua história. No mítico Stadion Rajko Mitic, o “Pequeno Maracanã” de Belgrado, os sérvios nunca jogam 11 contra 11; o ambiente proporcionado pelos adeptos é reconhecido, elogiado e intimidante para o adversário.
O Crvena Zvezda, na sua língua original, venceu a Champions League em 1990/1991 e, embora há muito afastado do leque de candidatos a levantar a orelhuda, quer provocar a surpresa frente a um Barcelona de enormes ambições – mas com um percurso não isento de tropeços.
Nas três jornadas já realizadas, os catalães somam duas contundentes vitórias – 4-1 frente ao Bayern de Munique e 5-0 frente ao Young Boys – e uma derrota no Mónaco, por 2-1.
Racismo no Mónaco
E é ao jogo da primeira jornada, disputado no principado monegasco, que remonta a origem do castigo aplicado aos culés: durante o encontro, foi erguida uma bandeira com um símbolo nazi nas bancadas visitantes no Estádio Louis II.
Este “comportamento racista”, descrito pela UEFA, foi punido com uma multa de 10 mil euros, e com o Barcelona proibido ainda de vender bilhetes para um jogo da Champions League. Na altura, em comunicado, o clube catalão referiu que o castigo seria cumprido na deslocação ao terreno do Estrela Vermelha.
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“O clube aceitará e aplicará a sanção no jogo da jornada 4 da Champions League. O Barcelona devolverá o valor do bilhete a todos aqueles que já o tenham adquirido”, pode ler-se na nota publicada no seu site oficial.
“O Barcelona rejeita qualquer tipo de incentivo à violência, e, tal como estipulado nos artigos 3 e 4 dos seus Estatutos, garantirá a proteção e promoção da Declaração Universal dos Direitos Humanos contida na Carta Internacional dos Direitos Humanos proclamada pelas Nações Unidas”, garante depois o clube catalão.
“Perante o comportamento das claques e dos adeptos, tanto nos jogos em casa como nas deslocações, e que nos tem trazido numerosas sanções a nível local e internacional, informamos ainda que o clube reforçará as medidas atuais e dará início às que considere adequadas para evitar que ações semelhantes se repitam no futuro, bem como para punir os seus responsáveis”, assegura ainda o Barcelona – que jogará, assim, sem apoio esta noite.
Memórias de Deus
A última partida entre Estrela Vermelha e Barcelona disputou-se no já longínquo ano de 1996, na altura com Vítor Baía na baliza dos culés. No entanto, para os compêndios do futebol ficará para sempre o confronto de 20 de outubro de 1982, quando Diego Maradona marcou, na Sérvia, um dos seus golos mais lendários.
O argentino recebeu um passe de Carrasco enquanto se desmarcava pelo flanco direito, à passsagem da linha de meio campo e “foi por ali a fora”: fintou um adversário, reposicionou-se na zona central conduzindo com o pé esquerdo, desviou-se de outro defesa.
Já à entrada da grande área, percebendo que o guarda-redes estava adiantado, levantou a bola numa enorme chapelada. Se existe a mão de Deus, existirá também o boné ou o panamá, e o “Chapéu de Deus” foi costurado nesse dia há já 42 anos.