É oficial: João Pereira, que será apresentado esta segunda-feira (11) às 12h no Hall Vip do Estádio de Alvalade, foi já anunciado como treinador do Sporting nas redes oficiais do clube.
“Uma nova braçadeira, a mesma ambição”
O clube anunciou a subida de posto de João Pereira pouco passava das 10h da manhã. Num curto vídeo, vê-se o ex-jogador e agora técnico leonino a entrar no balneário e a segurar a braçadeira de treinador entre mãos.
Subindo o túnel de entrada para o relvado, o novo “homem do leme” acaba a colocá-la no braço, aparecendo sorridente com a casa dos leões de fundo.
“Uma nova braçadeira, a mesma ambição”, escreveu o Sporting no anúncio. Em comunicado à CMVM , os leões informaram também a constituição da equipa técnica, onde um nome conhecido dos sportinguistas salta à vista: Luís Neto .
O ex-defesa vai acompanhar João Pereira nesta aventura. Também Tiago Teixeira, principal treinador-adjunto, José Caldeira, António Calça e Pina, Hugo Borges e Tiago Ferreira, que transita da equipa de Amorim, trabalharão com o novo treinador.
Uma Meia Laranja que se fez laranja inteira
Nascido e criado na Meia Laranja, a paredes meias com o Casal Ventoso, em Lisboa, João Pereira sempre soube que o futebol o salvaria dos perigos do bairro. Mas também a família. Moldado por uma educação onde o esforço e o amor andaram sempre de mãos dadas, superou as adversidades e alcançou o sucesso que, por aquelas bandas, talvez não se antecipasse.
Foi na Casa Pia que conciliou os estudos com a sua paixão maior, o desporto, mostrando que a dedicação e o talento lhe corriam nas veias. Faz parte do quadro de honra de melhores alunos e, do primeiro ciclo até ao fim do secundário, foi vencendo provas de atletismo, ensinando hóquei em patins e crescendo no futebol, nunca descurando as notas. Ambicionava ser biólogo, algo que a carreira ao mais alto nível impediu.
Começou no Domingos Sávio, onde deu nas vistas, e, depois, fez o resto da formação no Benfica. Foi durante um torneio na Pontinha que José Águas e Vítor Martins decidiram falar com Adelino Pedro, para levarem João Pereira para a Luz. A contragosto, sportinguista dos sete costados, mas apostando sempre no futuro do filho, Adelino concordou. O menino tinha apenas nove anos.
Todos os dias saía de Belém, no final das aulas, e apanhava o elétrico para Algés. Daí, a carreira 51 para o antigo Estádio do Benfica. Desembaraçado, sozinho, independente, construiu a personalidade forte que hoje se lhe conhece no esforço das pequenas coisas. Nunca se esqueceu de onde veio – e ainda criança, levava, com os pais, amigos e colegas às profundezas do Casal Ventoso.
Uma forma de jamais esquecer, também, para onde queria ir. Tornou-se aquilo que fez da vida e não aquilo que a vida podia dele ter feito. Ainda como extremo, e com idade de júnior, subiu à primeira equipa do Benfica pelas mãos de José António Camacho. Estávamos em 2003. Depois, venceu uma Taça de Portugal e uma Supertaça com Giovanni Trapattoni, em 2004/2005.
A sua agressividade, ainda que positiva, a rebeldia da juventude e a competitividade que sempre demonstrou fê-lo definição de um tipo conhecido de jogador, aquele que encanta os seus e semeia ódios nos rivais. Emprestado ao Gil Vicente , após perder espaço no Benfica , renasceu definitivamente no SC Braga , antes de chegar ao Sporting .
Um percurso ascendente – e as semelhanças com Amorim
O resto é história. Em Alvalade encontrou uma casa a que sempre quis regressar. Após a primeira e bem sucedida passagem, viajou até Valencia, onde se assumiu, já lateral, como um dos melhores do mundo na sua posição. À chegada de Nuno Espírito Santo, e após o Mundial de 2014, foi afastado do conjunto espanhol.
A aventura seguinte, na Alemanha, correu mal. João pouco jogou. Regressou a Alvalade para se reencontrar, e esteve época e meia, até rumar a um novo desconhecido. Na Turquia, ao serviço do Trabzonspor, fez-se ídolo de uma massa adepta ferverosa, mas faltava-lhe algo. E o algo era… o lar. A pensar na despedida dos relvados, e com o aval de Ruben Amorim, amigo de toda a vida, regressou para uma terceira era ao serviço do Sporting.
Contratação no mercado de inverno, na retina ficou a publicação com que João Pereira o anunciou. “I’m coming home“, entoava a música sob fotografia de um noturno Estádio de Alvalade captado desde a Segunda Circular. “Estou a voltar a casa”. Terminou a carreira de futebolista com a conquista do título de campeão nacional, algo que nunca antes tinha conseguido conquistar ao serviço dos leões. E logo aí começou a preparar o futuro.
Frederico Varandas há muito dizia ver em João Pereira potencial para suceder ao treinador que agora parte para Inglaterra. E o caminho fez-se. Primeiro como adjunto, depois como treinador principal dos sub-23. Esta época agarrou a equipa B leonina, onde o plano era ganhar rodagem até final da época.
Os planos mudaram, anteciparam-se, mas não abalaram a fé do presidente, que estará ao lado de João Pereira na sua apresentação como treinador principal do Sporting.