“O futebol português está gravemente doente”
André Villas-Boas esteve presente nas comemorações do 111.º aniversário da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), na Cidade do Futebol, em Oeiras. À margem do evento, o presidente do FC Porto abordou, pois, o atual momento do futebol português, além da mais recente polémica envolvendo Pedro Proença e Fernando Gomes.
Recordamos que aquilo que era suposto ser uma passagem normal de pastas acabou por tornar-se num dos casos com mais impacto no futebol luso, nos últimos anos. A carta enviada através do agora presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP) aos 55 líderes de federações da UEFA a “desaconselhar” o voto no atual presidente da FPF foi o mais recente capítulo da situação.
“O futebol português está gravemente doente. Andamos a enganar-nos uns aos outros há bastante tempo. Não basta as recentes questões entre o ex-presidente da FPF [Fernando Gomes] e o atual [Pedro Proença], mas também um certo desalinhamento entre entre os três grandes e o facto de continuarmos a adiar discussões de centralização, de VAR e temas de tecnologia que continuam em atraso”, começou por referir André Villas-Boas.
O que é que André Villas-Boas disse sobre aquilo que tem tentado fazer?
Perto de completar um ano à frente dos azuis e brancos, Villas-Boas sublinhou o que tem tentado fazer, mas que não tem tido sucesso: “Estou a aproximar-me de um ano de presidência. Tentei lançar-me neste desafio também com o intuito de renovar o ar do futebol português, sentar-me à mesa com os três grandes e trazer um pouco de alinhamento estratégico futuro. Mas a verdade é que lamentavelmente as coisas continuam a caminhar num mau sentido“, salientou.
Indo novamente à questão envolvendo o recém-eleito presidente da Federação Portuguesa de Futebol e o seu antecessor, o dirigente máximo dos dragões afirmou que todas estas guerras apenas fragilizam o futebol português, que corre o risco de ver a sua presença diminuir em termos de competições da UEFA
Fernando Gomes e Pedro Proença estão no “centro da polémica”. Foto: Gualter Fatia/Getty Images.
“Não defender o futebol português parece-me conversa de recreio…”
“Explode um desalinhamento que já se vinha a sentir entre dois grandes presidentes: da Liga e desta Federação. Talvez, o presidente mais importante dela, porque atingiu resultados históricos. Constata-se que vivemos numa paz podre há muitos anos. Mas quero relembrar que estamos sob a ameaça do futebol belga e dos Países Baixos, no coeficiente. Se calhar, em breve, estamos destinados à Conference League, que é o que merecemos“, atirou ‘AVB’.
“Portanto, tudo lamentável. Conflitos de poder que deviam ser evitados, porque é fundamental para o futebol português recuperar. Somos um país único a nível de jogadores talentosos, treinadores, agentes, mas tardamos em sair desta zona de conflito. Uma tristeza. Que haja um bom entendimento, porque Portugal tem um papel estratégico no futebol europeu e não há dúvida que tem de estar colocado nas maiores instâncias do futebol internacional“, destacou.
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Por fim, disse: “Temos divergências no posicionamento do novo presidente da Liga. Estive em duas cimeiras dele e discutiu-se zero do futebol português. Lancei um tema que achei relevante: os candidatos submeterem-se a perguntas por parte dos clubes relativamente aos programas. Já lancei igualmente o tema do VAR e estou disponível para ajudar. Sou portista, mas não defender o futebol português parece-me conversa de recreio e uma patetice absoluta“, concluiu.
