As chuteiras língua de gato
Nani anunciou este domingo (8) o fim da carreira. O comunicado do antigo internacional, repentino e surpreendente, chegou a meio da temporada e entristeceu a legião de fãs que o acompanhava desde que surgiu na equipa principal do Sporting. Em entrevista ao Canal 11, o agora ex-jogador recordou alguns momentos que marcam um percurso de excelência.
Um deles aconteceu precisamente na chegada ao clube leonino. Sem condições para comprar umas chuteiras de qualidade, Nani foi brindado pela generosidade de um colega de equipa. “Quando cheguei ao Sporting comecei a ver os meus colegas todos com chuteiras da Puma, da Nike, e a minha bota, como nós costumávamos dizer, à frente tinha língua de gato“, contou.
“Um dia, um colega meu viu-me e teve pena. Então, chegou à minha beira e disse-me: ‘Nani, eu empresto-te as minhas chuteiras’. Eu calcei-as, todas novinhas, aquilo ficou mesmo justinho e eu comecei a treinar todo empolgado com aquelas botas, fazia tudo”, disse ainda.
O elogio a Paulo Bento e… Sérgio Conceição
Ao longo do programa, Nani recebeu mensagens de nomes com quem se cruzou na carreira. Um dos treinadores que mais influência teve no seu sucesso, reconhece, foi Paulo Bento. “Comecei com ele nos juniores do Sporting e temos muitas histórias”, disse sobre o técnico com quem se cruzou também na equipa principal, onde esteve entre 2005 e 2007 – antes de rumar a Inglaterra.
Nani revelou que o agora selecionador dos Emirados Árabes Unidos o chamava muitas vezes à atenção, mas que tinha também um cuidado especial consigo. O ex-jogador do Manchester United, um dos ‘filhos pródigos’ de Alex Ferguson, contou ainda que esteve perto de ser treinado por… Sérgio Conceição, então no FC Porto.
“Disse-me que tinha interesse e que gostava do meu perfil, mas optei pelo Sporting por lealdade e porque sabia que não ia ser bom. Cresci no Sporting e não podia desiludir os adeptos. Nem por dinheiro, nem pela possibilidade de jogar a Champions. Não aceitei. O Sérgio compreendeu, é um grande homem“, explicou Nani, internacional luso por 112 vezes.
Nani em 2006, aqui frente ao Inter de Patrick Vieira. Foto: Imago
O interesse do Benfica
Do outro lado da Segunda Circular também existiu interesse. “Estive sentado com o presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira há uns bons aninhos, quando ainda estava em Manchester“, revelou Nani. Não aconteceu e o português prosseguiu carreira no Fenerbahçe. Passou também por Valencia e Lazio, esteve nos EUA e na Austrália, voltou a Itália e à Turquia.
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Pelo meio, mais duas passagens pela equipa principal do Sporting. A segunda em 2014/2015 e a última em 2018/2019. Quis agora o destino que se despedisse do futebol também em Alvalade, palco onde se estreou como profissional. Ainda que com a camisola do Estrela da Amadora vestida. Aconteceu a 1 de novembro.
O também Campeão da Europa por Portugal atuou 38 minutos na derrota dos tricolores frente aos leões (5×1). Foi recebido com uma ovação e com uma tarja com uma mensagem especial dos adeptos sportinguistas. Foi, então, um “até já” a um jogador poético, de talento rebelde e virtuoso – só não se sabia ainda.