Luís Figo conversa com Casillas
Luís Figo é um dos melhores de sempre do futebol português. Formado no Sporting, o médio rumou ao Barcelona e depois protagonizou uma transferência polémica para o Real Madrid. Nessa altura, que coincidiu com o pico da sua carreira, perseguiu um grande título com a seleção portuguesa, mas nunca o conseguiu conquistar.

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Em conversa com Iker Casillas no podcast Bajo Los Palos, Figo analisou o seu percurso na seleção. Ele aproveitou ainda uma pergunta de Gerard Piqué, antigo central do Barcelona, para comentar o seu sentimento em relação aos blaugrana.
“No futebol poucos ganham nas seleções”
Questionado sobre se sentia pena por não ter conquistado um título pela seleção portuguesa, Luís Figo respondeu assim: “Claro que gostava de ter dado um título nessa geração. Quando cheguei à seleção principal, nem pensávamos que podíamos ganhar um Europeu ou Mundial. Não nos qualificávamos sequer. Creio que houve uma transformação desde que começaram a sair jogadores para o estrangeiro, que nos permitiu construir um respeito, uma imagem, um percurso na seleção que perdura.”
“No futebol poucos ganham nas seleções. França, Espanha, Alemanha… Não é fácil ganhar, mas creio que tivemos essa oportunidade. Não conseguimos, tanto em 2000 e 2004. Mas o futebol é assim, uns anos depois tivemos a felicidade de levantar o troféu. Tudo o que foi construído deu os seus frutos“, complementou o antigo internacional português.

Luís Figo no Euro 2000. Foto: Allsport via Getty Images
Entre os Europeus 2000 e 2004, houve o Mundial 2002 e as suas arbitragens polémicas. Iker Casillas também esteve lá, então falaram sobre isso: “Senti impotência, que me estavam a roubar“, confessou Figo. No entanto, ele também lamentou algumas atitudes: “Muitas vezes reages a quente no campo, mas depois a frio pensas ‘mas que estava eu a fazer? Que imagem dei…’ Há pouco, fiz uma coisa para a UEFA, com os árbitros, e mostraram uma imagem minha a protestar com o árbitro e pensei ‘que vergonha!’“
“No ano passado votaria no Rodri e este ano talvez no Vinícius”
Noutro momento da conversa, Luís Figo foi surpreendido por um vídeo de Piqué, que lhe perguntou se alguma vez foi culé: “Sim, claro. Quando cheguei a Barcelona identifiquei-me muito com o clube. Quando estive lá dei tudo de mim. Talvez por isso, quando dás tudo o que tens e sentes que não te reconhecem por isso, chateia-te um pouco mais. Mas nunca vou renegar o meu passado”.
Depois da transferência para o Real Madrid, as visitas a Camp Nou tornaram-se… interessantes. Mas ele não admite incómodo: “A pressão sempre me ajudou a estar desperto. Sabia perfeitamente como ia ser recebido. É muito mais fácil quando já esperas essa receção hostil do que quando jogas na tua casa e te assobiam. Quando vais lá já sabes que te vão matar ou te vão chamar de tudo.”
Por fim, Figo comentou a Bola de Ouro de 2024, que foi muito polémica, e revelou como teria votado: “Pensas sempre que vais ganhar e se não consegues é uma deceção. Creio que quem ganhou fez as coisas para ganhar. O Rodri, que ganhou o Europeu, é merecedor de ganhar. Mas o Vinicius também merecia, ganhou a Champions, fez um ano impressionante. Se votasse, no ano passado votaria no Rodri e este ano talvez no Vinicius“, concluiu.”