Martín Anselmi fala do FC Porto
O FC Porto venceu o Vitória SC por 3-0, esta segunda-feira (11). Sob o comando de Francesco Farioli, a equipa arrancou a temporada oficial na Liga Portugal com o pé direito. Assim, este novo início deixa para trás uma época aquém das expetativas, marcada pela saída de Martín Anselmi no final.

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Em entrevista ao podcast Clank, o Anselmi abordou pela primeira vez a sua passagem por Portugal. Atualmente sem clube, falou sobre os desafios que enfrentou na chegada ao FC Porto, a perda de jogadores importantes e, por fim, o Mundial de Clubes que ditaria a sua saída.
“Pessoalmente exigiu muito de mim”
Martín Anselmi começou então por descrever o cenário difícil que encontrou nos dragões: “Em muito pouco tempo, fizemos muito e chegámos a um clube enorme como o FC Porto; um clube com muito prestígio não só em Portugal, mas também na Europa. Chegámos a meio, numa temporada que estava a ser má. Uma direção que tem muita vontade de mudar e de fazer coisas novas. Havia um plantel muito abalado.”
“Tivemos de absorver um pouco essa pressão. Senti que havia jogadores que precisavam de alguém que absorvesse a pressão, que pudesse de alguma forma protegê-los. Fizemos um trabalho durante cinco meses de certa forma de sobrevivência. Chegámos, o plantel era um. Aterrámos e, três dias depois, fomos para a Sérvia jogar a Liga Europa, onde, se empatássemos, ficávamos de fora”, recordou o técnico.

Nico González trocou o FC Porto pelo Manchester City. Foto: Getty Images
Logo depois, surgiram os problemas com as saídas de atletas influentes: “Ganhámos 1-0 com um golo de Nico González e, no fim de semana, o Nico apareceu no City. Nesse mesmo dia, o Galeno foi vendido para a Arábia… Já não podíamos colmatar a saída dos dois jogadores mais significativos que o plantel tinha. Não nos conseguimos reorganizar porque o mercado estava fechado. A partir daí, tivemos de competir com o que tínhamos. Acho que o FC Porto exigiu muito de nós, pessoalmente exigiu muito de mim.”
“Sabíamos que o Mundial de Clubes era perigoso”
O insucesso no Mundial de Clubes acabou por ditar a saída de Anselmi. Então, abordou a competição: “Sabíamos que o Mundial de Clubes era perigoso. Custou muito às equipas europeias ao início e, connosco, foi igual. Sabia que o primeiro jogo seria determinante. Mas também sabíamos que, com a situação em que estávamos, ia ser uma competição difícil para nós. Os jogadores precisavam de descansar a cabeça. Foi uma temporada dura.”
Assim, o técnico argentino assumiu responsabilidades e refletiu sobre os erros cometidos: “Eu gosto de entender o que estou a fazer mal para poder melhorar. E acredito que, para poder melhorar, tens de olhar para ti mesmo e dizer ‘é isto que estou a fazer mal’. É preciso essa humildade. Durante o processo FC Porto fizemos muita coisa sem clareza suficiente. Algo que, no contexto da Europa e do clube, faz com que seja difícil melhorar.”
Por fim, questionado sobre se tinha sido infiel ao Cruz Azul ao sair para o FC Porto, Anselmi respondeu: “Penso que não. Teríamos de ver aqui a definição de infiel. Era um desafio que não podíamos rejeitar. Até posso ser o vilão por ter ido para o FC Porto, mas não podem falar sobre a forma como fui.”