Irrecusável!
Rúben Amorim está a cumprir os últimos capítulos como treinador do Sporting. A proposta do Manchester United foi irrecusável e irá encerrar um casamento que produziu a conquista de dois campeonatos, duas edições da Taça da Liga e outra da Supertaça Cândido de Oliveira.
Após inúmeras juras de amor e de fidelidade dos dois lados, terá sido esta a melhor decisão? Lançamos a questão ao comentador e analista de futebol, Tomás da Cunha, que nos ajudou a decifrar as principais cenas deste longa metragem.
Gigante adormecido
“É óbvio que qualquer treinador, nas circunstâncias do futebol português, tem a ambição de chegar às principais ligas e a um colosso como o Manchester United. Parece-me que é uma decisão mais interessante do que, por exemplo, a possibilidade de treinar o Manchester City, talvez pentacampeão. Porque o ponto de partida é muito importante na força de um treinador e na gestão de expetativas. Temos vários exemplos disso no futebol inglês. Unai Emery, Jürgen Klopp quando chegou, Mikel Arteta recentemente”, destacou o especialista em declarações ao Somos Fanáticos.
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Desafio com maiúsculas
O desafio que se perspetiva e os valores colocados em cima da mesa fizeram balançar o jovem técnico de 39 anos.
“No United, existe a oportunidade de reconstruir um clube e de lançá-lo para o futuro. E é isso que Amorim tentará fazer num clube com muita matéria prima, mas com uma falta de identidade gritante. E aí há uma experiência próxima, claro que noutra escala com aquela que teve no Sporting que partida muito atrás dos rivais e que ele conseguiu tornar num candidato ao título e numa equipa muito capaz de se desenvolver a partir de uma identidade de jogo. E serão esses os objetivos no Manchester United”, sinalizou.
E afinal, todo este processo vai ou não beliscar tudo de bom que Rúben Amorim fez no Sporting?
“Fica, a meu ver, uma mancha pelo timing da saída porque Rúben Amorim ao longo destes anos sempre salientou a estabilidade que o clube lhe dava, aliás, teve um quarto lugar e foi segurado por Frederico Varandas. Sempre apelou a que os jogadores percebessem timings”, recordou Tomás da Cunha.
Rúben Amorim tomou a decisão certa?
Rúben Amorim tomou a decisão certa?
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“O que está feito é fantástico, o legado é enorme. Acho que, no entanto, belisca a própria imagem. Até me parece que o próprio Rúben Amorim, com aquela conferência de Imprensa tem noção de que não geriu as coisas da melhor forma ao longo destes últimos meses desde aquele voo com destino a Inglaterra, mas depois com a ideia de convencer, segurar vários jogadores do plantel do Sporting a assumirem o objetivo do bicampeonato, ficando mais uma época, para agora, com esta proposta do Manchester United abandonar”, sublinhou.
E agora, João Pereira
“Rei morto, rei posto”. Ao que tudo indica, João Pereira é o senhor que se segue. Estará o ainda treinador da equipa B preparado para este desafio?
“Claro que o Sporting continuará a ter hipóteses de ser bicampeão. Acredito que João Pereira seja a solução necessária pela simples razão de que não há espaço nesta equipa do Sporting para mudar muito. É uma solução de continuidade. Por isso, um Sérgio Conceição, um Abel Ferreira, um Paulo Fonseca, por aí fora, nomes mais cotados, não se coadunam com as necessidades. Talvez no fim da época, mas também dependendo do que possa fazer o João Pereira”, declarou o comentador.
Gigante adormecido
Na atual classificação da Premier League, o Manchester United ocupa o 14.º lugar com apenas 11 pontos em nove jornadas. O líder e rival City está no comando da prova com 23 pontos amealhados. No novo formato da Europa League, em 36 equipas, é apenas a 21.º com a melhor pontuação, com três pontos somados em três rondas.
Segundo o comentador, Amorim terá uma tarefa hercúlea nas mãos e precisará de tempo para conseguir mudar o paradigma em Old Trafford.
“Em relação ao United, é um clube com matéria prima, com uma nova estrutura, que está a apostar no crescimento com a INEOS, mas é preciso perceber que os projetos na Premier League demoram mais tempo do que nas outras ligas. O Rúben Amorim não vai conseguir mudar a realidade do clube de um momento para o outro, claro que pode ter um impacto psicológico, que normalmente acontece e soltar a equipa para uma série de vitórias”, frisou, antes de rebobinar e ver o percurso que fizeram os últimos treinadores dos red devils.
“Mas estamos a falar de uma continuidade, algo que outros treinadores não tiveram. Erik Ten Hag começou bem, José Mourinho, Ole Gunnar Solskjær, tiveram alguns momentos interessantes e até alguns deles venceram troféus. Mas para ter o United no lugar onde quer estar vai ser preciso um trabalho de reconstrução completo”, alertou, dando o exemplo do que tem sido feito nas últimas temporadas em outros conjuntos.
Equipa sem identidade
“Não há uma ideia de jogo, ao contrário daquilo que têm o Aston Villa, Tottenham, Chelsea, com Maresca, não falando, obviamente dos principais candidatos. Por isso, acho que o plantel tem de ser melhorado, mas claro que no imediato pode dar para muito mais do que aquilo que a equipa tem feito”, finalizou.
Quase tudo fechado
O Sporting deverá receber um valor a rondar os 11 milhões de euros, que já contemplando a clausula de rescisão do treinador e de parte da equipa técnica. Além de Amorim, vai seguir viagem para o norte de Inglaterra os adjuntos mais diretos Carlos Fernandes, Adélio Cândido e Emanuel Ferro, o treinador de guarda-redes Jorge Vital e o cientista do desporto Carlos Barreira.
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Ao leme leonino, vai ainda dirigir as partidas frente a Estrela da Amadora, com o Manchester City e SC Braga. O primeiro duelo como comandante do United será no reduto do Ipswich Town, a 24 de novembro, num encontro da 12.ª jornada da liga inglesa.